Fundo meio marrom, DJ Marlboro de boné azul, segurando um disco com 5 pessoas em cima. Dizer que dá pra lembrar bem desses detalhes é exagero, mas o conteúdo de algum dos volumes eu aposto que ainda tá na cabeça de muita gente. O CD Funk Brasil foi lançado em 1989 e marcou o começo da estruturação desse gênero no país, sobretudo no Rio de Janeiro. Influenciado pelo Miami Bass, um ritmo com batidas mais rápidas e eróticas vindo da Flórida, o chamado funk carioca começou falando de temas como drogas, favelas, pobreza e armas, até se espalhar pelo restante do país, principalmente São Paulo.

De glamurosa, é som de preto e ela só pensa em beijar a show das poderosas, beijinho no ombro e bumbum granada, o funk já fez vários hits e construiu história. Há quem diga que não se faz mais como antigamente, outros não deixam de fora da playlist do churrasco, e tem também os que nem consideram como gênero musical.
Seja como for, não dá pra negar que todo mundo conhece no mínimo uma letra, com direito a dar aquela balançadinha de cabeça e arriscar um passinho.
Para os que acham que eles ficaram pesados demais (e realmente ficaram), essa lista pode mostrar que funk não precisa ser desrespeitoso pra ser bom. Inclusive, é uma ferramenta que tem potencial pra colocar em cena discussões importantes (como racismo e exclusão de classe social), seja pela letra, seja pelo próprio empoderamento do artista. Tudo isso sem deixar de ter a batida inconfundível que coloca (quase) todo mundo pra dançar, afinal de contas nem só de desconstrução vive o homem.
1. MC Crash – Sarrada no Ar
A lista não podia começar de outro jeito. E esse menino, além de colocar a cara da comunidade de frente para as câmeras, dança muito bem! Aqui dá pra ver onde esse passinho começou.
2. MC Trans – Eu não sou obrigada a nada
Eu não sou obrigada a nada é uma daquelas músicas pé na porta. A Camilla Monforte é uma funkeira do Rio e quis usar seu nome artístico para fazer uma homenagem a todas as pessoas transexuais.
3. Dream Team do Passinho – De Ladin
O Dream Team por si só já é um evento. São cinco jovens negros do Rio de Janeiro que arrasam na música e na dança, levando com eles todo o charme do passinho das favelas do Rio.
4. Lia Clark – Trava Trava
Essa música é daquelas não podem faltar em festa. Lançada em janeiro de 2016, foi o estopim da carreira de Lia Clark, uma Drag Queen de São Paulo.
5. MC Linn da Quebrada – Enviadescer
O Linn da Quebrada já mostra de onde veio no próprio nome, e nessa música discute a questão da homossexualidade de uma forma divertida e direta.
6. MC Carol – Não foi Cabral
Ela é uma mulher negra e gorda que passou por cima de preconceitos e cantou, em forma de funk, uma falha histórica com raízes muito profundas e consequências graves.
7. MC Xuxu – Um beijo
MC Xuxu é travesti, feminista e veio de uma comunidade em Juiz de Fora. Nessa música ela faz o que gosta: usa seu trabalho para passar uma mensagem inclusiva e contra preconceitos.
8. Valeska Popozuda – Sou Dessas
Ela veio pra trazer empoderamento feminino e mostrou que as mulheres também podem ser protagonistas do funk.
9. Inês Brasil – Make Love
Com mais de 1 milhão de visualizações no YouTube, a Inês Brasil é uma cantora que já se prostituiu, se envolveu em um suposto caso de agressão, conquistou o coração de muita gente, virou hit nas redes sociais e não quer guerra, só love.
10. Anitta – Movimento da Sanfoninha
Movimento da Sanfoninha não podia ficar de fora da lista, muito menos a Anitta, um dos expoentes femininos do gênero n Brasil. Pra quem gosta de falar que funk não tem letra, esse literalmente atende ao requisito. Apesar disso, o exercício de ficar parado enquanto ela tá no último volume é uma tarefa bem difícil.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.