10 fatos que provam que os anos 70 foram incríveis

Pelé, Jimi Hendrix, John Travolta, Silvester Stallone, Marlon Brando e Michael Jackson são alguns dos caras que nos ajudam a contar a história dessa década

Antes de começar a escrever esse texto, perguntei aos amigos do Facebook o que achavam dos anos 1970. E é incrível como a nossa geração, em pleno século 21, parece ter uma verdadeira paixão por essa década tão marcante na história do mundo. Todo mundo tinha uma resposta na ponta da língua: liberdade sexual, drogas, movimentos sociais organizados, aquela música, aquele grupo... Enfim, tudo o que o imaginário de quem não viveu a juventude exatamente naqueles anos, mas que mesmo assim parece ter saudade, pode trazer à tona pelo que vemos e ouvimos falar por aí.

Para entrarmos no clima desse cenário tão dançante, transgressor, polêmico, vibrante e recordarmos o porquê dessa década ainda ser lembrada por tantas gerações (e provavelmente ainda por muito tempo), montamos uma lista com 10 motivos que nos levam a crer que os 70’s foram (bem!) fodas.

1. Pra frente Brasil. É tri!

A década mal tinha começado. Para ser mais exato, tinha apenas 172 dias “de vida”, e o Brasil já estava em festa. Depois de um desempenho fraco em 1966, foi no México que a seleção brasileira de Jairzinho, Tostão, Gérson e, claro, de Pelé, Rivelino, Carlos Alberto Torres e do técnico Zagallo conquistou o tricampeonato mundial de futebol.

Dado curioso sobre este time é que, no momento em que o Brasil vivia o auge da ditadura, foi João Saldanha, um simpatizante do Partido Comunista, quem escalou o time. Dois meses antes da Copa começar, porém, problemas afastaram o técnico e fizeram com que Zagallo assumisse.

Na época, a canção “Pra frente Brasil” desbancou outras candidatas e tornou-se símbolo nacional da Copa de 70, cantada ufanamente pelos brasileiros empolgados com o título e com a primeira transmissão em cores e via satélite para todo o mundo.

Pelé se tornou e é até hoje o único jogador de futebol tricampeão do mundo.

2. A década dos grandes movimentos

Nova York, 1974. Frequentadores da cena underground local (em sua maioria poetas de rua; usuários de drogas; transexuais à margem da sociedade;) resolvem se opor ao rock progressivo que fazia muito sucesso e criar um estilo musical diferente, mais distorcido e de cultura própria. O burburinho do movimento acontecia principalmente na casa de shows CBGB, em Nova York. Na Europa, especialmente em Londres, o movimento também teve sua vertente com bandas icônicas como Sex Pistols e The Clash.

Também na ilha de Manhattan, mas um pouco mais ao norte, outro movimento desbravador se iniciava: o hip hop. Não era apenas um movimento artístico, era mais uma subcultura (de resistência) nascida nas comunidades afro-americanas, latinas e jamaicanas. O hip hop rapidamente se espalhou pelo mundo e, ao longo dos anos, foi incorporando elementos que o representasse: o DJ, o rap, o grafitte e o street dance. O funk também entra nessa guinada.

O movimento hippie também teve sua força nos anos 1970. Difundido em 1969, em Woodstock, quando 400 mil pessoas se reuniram durante três dias ao som de Jimi Hendrix e Janis Joplin. Por lá, o movimento reconhecido pelo seu estilo paz e amor, acabou perdendo um pouco de força nos anos seguintes, da mesma forma que conquistou o Brasil.

Raul Seixas e Mutantes que o digam!

Jimi Hendrix foi um dos primeiros ídolos da música que morreu aos 27 anos.

3. A revolução sexual ganhou força

Depois do verão do amor de Woodstock, o surgimento de novos sons e de questionamentos na sociedade, a liberdade sexual chegou com tudo. Sexo fora do casamento e entre pessoas do mesmo sexo, o surgimento de métodos contraceptivos e a legalização do aborto são temas que começaram a ganhar força na sociedade.

No Brasil, o grupo Dzi Croquettis – formado no Rio de Janeiro por 13 homens que se vestiam e performavam como mulher – também desafiava todos os paradigmas, como que em um grito pela liberdade sexual, num misto de androgenia e sensualidade que chamava atenção de todos. Logo o grupo ganhou casas de show pelo mundo, principalmente na França. E aqui, vale mais assistir e curtir do que ficar falando sobre:

Link Youtube – Imagina o quão disruptivo era isso.

4. Nos embalos da Disco Music

Em 1975, Donna Summer conquistava os primeiros lugares nas paradas de sucesso com o hit Love to Love You Baby. Era a Disco Music ganhando popularidade. O movimento que embalou coreografias em grupo nas casas de dança, oriundo de festas da comunidade negra e latina e que combatia a dominância dos rifles do rock, historicamente também é conhecido pela liberdade de expressão.

E se elencarmos os principais nomes do estilo logo teremos Gloria Gaynor, ABBA, Bee Gees, George McCrae. As Frenéticas (no Brasil), conseguimos traçar a um perfil sonoro e estético do que foi a Disco Music. Sem dúvidas Embalos de Sábado à Noite (1977) foi definitivamente um dos melhores representantes da Disco Music pelo mundo.

O que diria John Travolta com essa responsabilidade que acabo de dar a ele, hein?

Tony Manero usava calça justa e você não reclamava.

5. Rocky, um lutador, estreou para o mundo

Ao faturar mais de US$ 200 milhões pelo mundo, o lendário filme que içou a carreira de Silvester Stalone marcou e muito os anos 70. A história de um lutador da Filadélfia que tem a chance de disputar o título principal de sua categoria comoveu o mundo. O sucesso foi tão grande que, desde então, o personagem Rocky Balboa figurou em mais cinco filmes, incluindo mais recentemente Creed (2015), em que Rocky volta às telas já aposentado, agora como treinador.

No ano seguinte ao seu lançamento, o longa foi indicado a nove categorias do Oscar (venceu três), a seis do Globo de Ouro (venceu uma) até cruzar o oceano com 5 indicações ao Bafta.

Gonna Fly Now, tema principal do filme usado até hoje como trilha de confrontos lendários do boxe, chegou a ocupar o topo das paradas da Billboard. A música de Bill Conti, figura entre as principais representantes da época.

Link Youtube – Rocky era ídolo de 10 em cada 10 meninos nos anos 1970.

6. Michael Jackson

Michael dispensa apresentações. Mesmo já tendo sido sucesso ao lado dos irmãos na década anterior, é em 1971 que o ídolo pop fica grande demais e decide lançar sua carreira solo. É na década de ouro que MJ lança Ben, sua primeira música de sucesso na carreira solo e que chegou a ser trilha de um filme homônimo.

Foi Off The Wall (1979), apontado por muitos como o melhor disco da carreira de Michael, que conduziu seu status a ícone mundial ao misturar soul, disco, pop e funk e apresentar ao mundo seu estilo mais icônico: as meias brancas sob um sapato Mocassim, que mais parecia patins para os rodopios do ídolo e sua também lendária forma de dançar que perdurará para sempre.

Michael Jackson revolucionou tudo que a gente conhecia como pop.

7. Clássicos do cinema foram lançados e a pornochanchada conquistou os jovens

Embalado pela energia artística pulsante da década, o cinema mundial viveu seus anos de ouro. Os grandes clássicos das telonas, aqueles que gostamos de assistir até hoje, foram produzidos e lançados nessa época. Além dos que já citei, Rocky e Embalos de Sábado à noite, vale fazer justiça à Laranja Mecânica (Kubrick) e aos dois primeiros filmes de O Poderoso Chefão (Copolla), sem esquecer de O Exorcista (William Friedkin) e Tubarão (1975). Para não ser injusto com outros “candidatos” a filmes lendários dos anos 1970, indico a leitura de outro artigo do PapodeHomem, uma lista completa dos 43 melhores filmes dessa década.

Na toada da liberação dos costumes, o cinema brasileiro vivia o boom do erotismo, no melhor estilo soft porn, com a pornochanchada, que representou uma época de ouro para o mercado cinematográfico nacional e no surgimento de grandes atrizes. É desta leva que surgiram A Dama da Lotação, Dona Flor e Seus Dois Maridos, levando Sonia Braga ao estrelato. Vera Fischer estrelou A Super Fêmea em 1972. Xuxa, Cristiane Torloni, a saudosa Marília Pera e até a atriz Selma Egrei (a Encarnação, da novela Velho Chico) também tiveram espaço nesses longas.

Marlon Brando ganhou o Oscar de melhor ator pela interpretação de Don Corleone.

8. TV em cores chega ao Brasil

Depois de ter assistido à Copa do Mundo de 70 em preto e branco, o brasileiro gostou da ideia de ter uma TV em casa, tanto que o número de televisores no início da década chegou a 4 milhões de residência, o que fez as transmissões chegarem a mais de 25 milhões de telespectadores.

Mas o ano de 1972 é que marca a TV em cores no país com a transmissão da Festa da Uva de Caxias (RS). TV Tupi, Globo, Record, Gazeta e a carioca TV Guanabara ganham muito espaço nas casas dos telespectadores nestes anos. O Ministério da Comunicação aproveita o momento e baixa decreto que regulamenta três minutos de comercial para cada 15 minutos de programação.

Na TV Tupi, o polêmico Flavio Cavalcanti lidera a audiência com seu estilo sensacionalista.

Flávio Cavalcanti morreu e o SBT ficou um dia inteiro fora do ar em sinal de luto.

9. Festivais de música crescem com transmissões ao vivo   

No auge da Ditadura, a música assumia o papel de divulgar mensagens diretas contra o regime militar. Surgem então canções de protestos, que passam a chegar com mais facilidade a grande parte da população.

Com isso, os festivais da música brasileira ganharam espaço na TV, possibilitando ao público conhecer os artistas donos das vozes que, até então, só eram ouvidas pelo rádio. É fato que esse boom bebe da fonte do Tropicalismo. Por conta do grande interesse do público, que agora podia assistir aos festivais de suas próprias casas, os festivais passaram a ser vigiados de perto pelo DOPs.

Jorge Ben Jor, com Fio Maravilha interpretada por Maria Alcina, Dominguinhos, com Quem me levará sou eu, Oswaldo Montenegro, com Bandolins, são alguns dos artistas que venceram edições dos festivais e consagraram-se como grandes nomes da música desde os anos 70.

Link Youtube – Fio Maravilha nós gostamos de você.

10. Fim da guerra do Vietnã

Depois de 20 anos e mais de 1,5 milhão de vietnamitas mortos, chega ao fim uma das maiores guerras entre países que o mundo já viveu. De um lado, estavam a República do Vietnã e Estados Unidos e de outro, a República Democrática do Vietnã, com o apoio de China, Coreia do Norte e União Soviética.

A guerra se iniciou com a divisão do Vietnã em dois territórios por motivos políticos e ideológicos, guerrilheiros comunistas, os “famosos” vietcongues, atacaram uma base norte americana no lado sul do país dando início ao confronto.

Mesmo depois do cessar-fogo, EUA e Vietnã só voltaram a ter relações diplomáticas em 1995, mas só em 2013 é que anunciaram um acordo de comércio bilateral que movimentou mais de US$ 30 bilhões em 2014.

Mecenas: Magnífica 70

Quando a realidade se torna insustentável, a ficção é a única saída.

A década de 1970 representou anos incríveis: se a realidade era dura, a solução era encontrar fugas. Fossem elas as músicas de Jimi Hendrix; as atuações de Marlon Brando; as jogadas de Pelé; ou a liberdade sexual. Imersa nessa atmosfera, Magnífica 70 mostra o confronto entre o desejado e o proibido, a vontade e a repressão, a liberdade e o preconceito.

Na primeira temporada disponível na HBO GO, Vicente é um paulistano que leva uma vida acomodada e reprimida até começar a trabalhar na produtora de filmes Magnífica e se envolver em golpes e triângulos amorosos. Mas Dora, uma atriz sedutora e viciada, retorna nesta segunda temporada para enfrentar seus dilemas, tentar se livrar da polícia e entregar a conta da farra.

A segunda temporada de Magnífica 70 será transmitida todos os domingos às 22h na HBO Brasil, e os episódios também estarão disponíveis na HBO GO simultaneamente.

 


publicado em 03 de Outubro de 2016, 17:37
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Danilo Gonçalves

Um cara alegre e gosta de ser lembrado assim. Jornalista de formação, com um pé na publicidade, gosta de Novos Baianos, Doces Bárbaros e Beatles. Já gostou de Calypso e como todo gay que se preze, é fã da Beyonce.


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