SoundSupply pode te convencer a pagar por (boas) músicas

Sem firulas, deixa eu te explicar o que é o SoundSupply em algumas frases curtas:


  • É um site que vende um pacotão de músicas, chamado “Supply Drop”.

  • Esse pacote consiste em 10 álbuns de bandas independentes.

  • Custa 15 dólares.

  • Você paga uma vez e baixa tudo junto, com qualidade decente.

  • O site foi lançado essa semana.

  • Cada Supply Drop fica disponível por apenas 10 dias. Depois que acabar esse tempo, já era.

É isso.

Link Vimeo | Só som daora

O vídeo acima mostra trechos de músicas dos dez álbuns do pacote. Eu já sou fã de uma dessas bandas – a Coconut Records, que na verdade é um projeto musical particular do ator Jason Schwartzman –, e achei todas as outras de qualidade equivalente, então comprei.

Mas me peguei pensando: hoje em dia existem serviços de streaming como o Rdio e o Spotify (o primeiro está disponível no Brasil, o segundo só com muita gambiarra), nos quais você paga uma mensalidade e tem acesso a qualquer música do catálogo. Eu sou assinante de um deles, inclusive. Tenho semi-literalmente qualquer música gringa à minha disposição. Então por que pagar por arquivos individuais?

A conclusão a que eu cheguei é que, em um caso como esse, eu não me sinto pagando pelas músicas em si. Pelas obras, pelos arquivos. Não é isso que me faz perceber valor no negócio, mas sim duas outras coisas.

Link YouTube | Essa é a "Microphone", da Coconut Records. Ela faz parte do pacotão

A primeira é o trabalho de curadoria. As bandas foram muito bem escolhidas e combinam umas com as outras, de modo que se você gostar de uma (como é o meu caso), é provável que goste de várias – ou pelo menos não odeie nenhuma. Temos acesso a tantas coisas que não sabemos por onde começar, não sabemos selecionar. É bom quando alguém em quem você pode confiar diz: “experimente isso”.

A segunda é uma vontade de apoiar uma mudança no modo como a música é comercializada.

Atualmente, há duas principais vias de venda de música digital: as músicas e álbuns avulsos em lojas digitais, como o iTunes, pelas quais se cobra geralmente 1 e 10 dólares, respectivamente, e a disponibilização em serviços de streaming como os que eu citei acima – nesse modo, o artista recebe uma comissão bem mixuruca para cada vez que alguém ouve a sua música.

O SoundSupply subverteu isso um pouco, convencendo os artistas a baixar o valor individual das suas obras para um décimo de 15 dólares em troca de fazer parte deste pacotão super atrativo. Afinal, todos esses artistas são atraentes a um mesmo público em potencial.

Link YouTube | E essa é a fofa da Sophie Madeleine, que eu não conhecia e já virei fã

Muito já se disse que, com a popularização da venda de músicas individualmente, talvez estejamos chegando ao fim da era do álbum (um conjunto coeso de músicas, com começo, meio e fim). Eu sempre achei isso um pouco triste. Se coisas como o SoundSupply se popularizarem – isso aconteceu no mercado de games, com iniciativas como o Humble Indie Bundle –, poderemos ter um efeito inverso: passaremos a comprar conjuntos coesos de álbuns.

Meus ouvidos gostam da ideia.


publicado em 28 de Janeiro de 2012, 11:37
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Fabio Bracht

Toca guitarra e bateria, respira música, já mochilou pela Europa, conhece todos os memes, idolatra Jack White. Segue sendo um aprendiz de cara legal.\r\n\r\n[Facebook | Twitter]


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