Há pouco tempo, por indicação do Alberto Brandão, eu descobri o Casey Neistat, um filmmaker residente em Nova Iorque que é uma máquina.

Extremamente produtivo e criativo, seus vídeos são não só divertidos, como bastante inspiradores. Talvez, uma das maiores evidências disso sejam os milhões de views que cada vídeo atinge e como as pessoas reagem de forma maravilhada ao que ele faz. É só checar as caixas de comentários.

De repente, me peguei cheio de insights que podem ser úteis não só se você é um videomaker, mas também pra todas as pessoas que possuem algum tipo de criatividade correndo nas veias.

Seja você um escritor, músico, ator ou dançarino, acho que há muito o que aprender observando os movimentos dele.

Separei aqui alguns dos que mais mexem comigo e que podem ajudar a dar um gás na vida.

Pegue o que você tem e comece agora

Link Youtube

Casey tem um belo ponto.

Equipamento não importa.

Eu entendo que esse é o passo 0 em praticamente qualquer ideia que temos. Logo depois de sonhar, nós olhamos para os problemas. Nada de novo, é esperado, até produtivo.

Aos meus olhos, o engano reside em olharmos para essas dificuldades e pensarmos nelas como impeditivos e pararmos por aí, ao invés de continuar procurando soluções.

Deixar-se travar por falta de estrutura é uma forma insidiosa de procrastinação. É apego a uma possibilidade que nem é uma possibilidade, de fato. Afinal, possibilidade é algo que é possível. Se ainda não é possível, não é uma possibilidade, é uma ilusão, uma viagem.

O que é possível é aquilo que é exeqüível.

Portanto, a questão não é só levantar os problemas e dificuldades e pensar no que você poderia fazer para chegar até lá. Não dá pra querer fazer o próximo Star Wars se você não tem dinheiro nem pra comprar uma câmera de bolso. É preciso algum nível de pé no chão também.

Mas se você não conseguir uma câmera de bolso, talvez alguém perto de você possa emprestar um celular com um mínimo de recursos.

E aí é que está a verdadeira magia.

Talvez não dê pra fazer exatamente o que você pretendia. Mas qual é o mínimo de proximidade que você consegue chegar? Qual é o mínimo realizável?

Às vezes, tudo o que você precisa é se colocar em movimento e fazer o mínimo.

Não ignore suas ideias idiotas

Sabe aquela coisa de sentar, fazer seja lá o que for e mostrar, como criança que apresenta um desenho pra mãe?

Eu sei que fica feio e nem faz bem pra um adulto ficar procurando aprovação o tempo inteiro. Mas a gente meio que perde esse aspecto mais inocente de produzir o que está ao nosso alcance à medida em que vai crescendo.

Dá pra fazer toda uma análise da sociedade, sobre como o sistema educacional e a cultura nos poda ao ponto de perdermos quase todos os traços de espontaneidade em nós, mas é melhor evitar o sermão (e eu tenho quase certeza que vocês já devem ter uma ideia disso).

O fato é que a vida nos deixa meio pretensiosos. A gente caminha por aí tensos, nervosos e fica se perguntando se não estamos passando por idiotas em público, com medo de dizer ou fazer a coisa errada.

Não vou dizer que isso é totalmente inútil, porque não é. Precisamos disso, pra não correr o risco de viver em um grande almoço de família, onde todo mundo pensa que pode sair dizendo o que bem entende.

Mas de vez em quando é bom relaxar e colocar a mão na massa. Às vezes, aquela ideia idiota que você teve e que serviu pra deixar alguns amigos rindo a noite inteira pode fazer alguns milhares de pessoas rirem também. Quem sabe, aquela ideia de aplicativo que soa meio besta pode acabar sendo bem útil. Quem sabe?

O único jeito de ter certeza é se sujando, deixando suas ideias passarem pelo crivo dos outros.

Claro, vamos manter o bom senso. Também não vale colocar no ar aquele seu post nazista e achar que vai ficar tudo bem. E, por favor, não seja como o Biel, não saia falando qualquer besteira racista e machista que vier à sua cabeça, achando que não há consequências.

No entanto, se for só uma ideia meio besta, sem brilho, ela não vai muito pra frente e vai cair no ostracismo. Então, não tem lá tanto assim com o que se preocupar.

Just keep uploading

Link Youtube

Essa é a versão do Casey Neistat para “apenas continue”.

Não há sucesso da noite para o dia.

Na verdade, a mera noção de “sucesso”, como vejo as pessoas falando por aí já me dá uma certa aversão. Acho que esse é o foco errado e, pelo menos pra mim, só traz ansiedade, frustração e é a exata motivação que me faz desistir perante a menor adversidade ou contrariedade.

Porém, a ideia de se deter em uma só coisa e se manter focado nisso não só me parece bem mais sensata, como muito mais poderosa.

Afinal, o que você seria capaz de fazer se não precisasse de elogios e não tivesse nenhum medo das críticas? Até onde chegaria se seu foco fosse só dar mais um passo?

Casey Neistat é a prova de que consistência conta. Mais do que pensar nos milhões de views que cada vídeo vai obter e no dinheiro entrando, ele olha apenas para o que tem de fazer e faz. Ele cria vídeos. O resto acontece. Ou não.

Independente disso, ele continua.

Rotina conta (e muito)

Link Youtube

Para conseguir tornar o item anterior uma realidade é preciso uma rotina.

Conheço pelo menos um cara (ganha um brinde quem souber quem é) que mudou a vida inteira apenas criando uma rotina e se dedicando completamente a ela. Ele saiu de designer de moda para pintor full time, realizando um objetivo que muita gente só considera como sonho e enche de obstáculos (“não dá pra viver de arte no Brasil”, esse tipo de coisa, sabe?).

Mas isso não aconteceu sem que ele fosse abrindo janelas de tempo e dedicação cada vez maiores na sua vida para isso.

Vale mencionar também que uma rotina ajuda que você não se distraia facilmente, dá um eixo. Então, mesmo que você mude de ideia e decida fazer outra coisa, você sabe que está saindo dos trilhos. Assim, é possível voltar mais rapidamente, evitando danos muito maiores.

Acredite, dá pra passar meses distraído, desperdiçando tempo e energia. Então, é melhor que você saiba de que forma está se perdendo.

Uma rotina definida é a plataforma na qual você pode começar a fazer uso de disciplina e, quem sabe, colher os frutos do trabalho sistemático no longo prazo.

Não desperdice tempo

Vivemos em uma era na qual todo mundo parece estar correndo, o tempo inteiro.

As pessoas parecem estar sempre atrás do prejuízo, atrasadas. O que você mais ouve é “Sabe como é, né? Aquela correria”. Elas vivem ficando na firma até tarde ou levando trabalho pra casa.

Em seguida, o que acontece é uma chuva de reclamações sobre como gostaria de fazer um monte de outras coisas da vida, mas que nunca encontra tempo.

Se a pessoa precisa fazer academia, não dá. Se precisa se alimentar melhor, falta tempo para cozinhar. Até a casa fica suja por falta de tempo, afinal, a pessoa está sem dinheiro e não consegue contratar alguém pra limpar ou dedicar uma ou duas horas em um final de semana pra organizar as coisas.

Por outro lado, quando você abre o Snapchat, o que mais vê são pessoas postando sobre como elas estão entediadas.

Isso é horrível! Como a gente deixa isso acontecer? Como nos tornamos isso?

Minha aposta tem a ver com uma certa tirania da distração que paira sobre nós.

“Não é que não tenhamos tempo pra viver, mas é que nós desperdiçamos um monte de tempo.”

A frase aqui em cima está nesse vídeo e é uma citação que o Casey faz de um cara chamado Ryan Holiday, mas que na verdade, é uma frase de Seneca.

Nós mal nos mantemos presentes na nossa vida. Desperdiçamos um monte de tempo com coisas que não são importantes e não vão nos deixar mais próximos do nosso próprio bem-estar e felicidade.

A gente acha muito legal sonhar com o dia em que vamos lançar um livro ou disco. Parece lindo quando vemos alguém dançando forró ou salsa e realmente aspiramos que um dia a gente saiba fazer o mesmo.

Mas, ao invés de compormos algumas músicas ou nos inscrevermos na aula de dança, preferimos nos distrair com o Facebook, rolando a timeline até que a morte chegue.

Tempo é um bem precioso e é a única coisa que você não pode ter de volta.

Além disso, nenhum de nós está ficando mais jovem. Em breve, nem se quisermos vamos poder levantar da cadeira e fazer essa coisa que parece tão interessante mas que preferimos deixar para depois. Vamos envelhecer, provavelmente vamos adoecer e o corpo não será mais essa maravilha que é hoje. Vai faltar força, disposição, sua mente não vai mais responder do mesmo jeito.

Não entenda isso como uma ode à ultra-produtividade. Eu sei que no vídeo sobre a rotina, o Casey Neistat dorme apenas 4 horas por dia e o resto parece um programa robótico no qual ele executa milhões de tarefas. Eu sei que talvez você não queira viver assim e provavelmente essa rotina não é sequer saudável. O ponto é que estamos tentando absorver o que há de melhor ali, portanto, não sejamos literais.

O que eu quero dizer é que, se você vai almoçar com os amigos, esteja presente. Não desperdice seu tempo e o deles ficando ao lado sem prestar atenção, sem se dedicar 100%.

Quando estiver trabalhando, não deixe o dia se arrastar entre gifs de gatinhos e vídeos de pegadinhas. Faça o que tiver que fazer e vá embora, viver a vida.

Se é pra relaxar, relaxe. Se é pra trabalhar, trabalhe.

Demora muito pra parecer fácil

Link Youtube | Nerdwriter é outro canal que você não pode perder. E aqui eles falam sobre o trabalhão que dá pra ser o Casey Neistat.

Quem não sonha em fazer algo fácil, divertido, e ser tão bom nisso ao ponto de, no final do mês, pagar as contas com folga?

Posso listar dezenas de pessoas que adorariam ter essa vida.

Casey Neistat faz o mundo parecer interessante, vivo, ele enxerga a rotina de uma forma que nos faz pensar que a nossa vida é um saco.

O trabalho dele é fazer com que tudo pareça extremamente divertido e criativo.

Mas a verdade é que o que ele faz vem com muito, muito trabalho.

Antes mesmo de começar a produzir esse tipo de conteúdo para a internet (que ele começou a fazer antes do Youtube, vale frisar), ele já tinha cerca de dez anos de carreira. Seu trabalho é fruto de uma longa experiência.

Essa é a lição da qual nos esquecemos quando vemos alguém fazer um trabalho bem feito: nada vem da noite pro dia.

Aquele cara que escreve tão bem? Anos com a bunda sentada na frente de um computador.

Aquela pianista incrível que sobe e desce as escalas sem nem fazer cara feia? Está num conservatório desde os seis anos de idade.

Skatista? Surfista? Corredor? Jogador de futebol? Lutador de MMA? Pode escolher qualquer um. É inescapável.

É preciso dedicar muito esforço pra chegar a fazer algo sem esforço.

* * *

Notapubliquei esse texto no meu Medium. A ideia é seguir publicando por lá insights sobre criação e outros assuntos relacionados toda terça. Aqui no PdH vou publicar os melhores às quartas, de duas em duas semanas. E nas outras quartas, sai Eu Ouvi Pra Você. Então, agora que você sabe meu calendário de publicação, é só acompanhar. ;)