Richard Branson | Homens que você deveria conhecer #3

Dia desses perguntei ao Guilherme Valadares qual era o público alvo da Papo de Homem. Ele respondeu com letras garrafais: homens que não se contentam com pouco.

Assim sendo, Sir Richard Branson tem tudo a ver com nossa tropa. O bilionário fundador do grupo Virgin é um empreendedor que não tem medo de ser diferente, vive sua vida ao máximo potencial e quer mudar o mundo. Saco-roxo.

Seria possível escrever uma série enorme de posts sobre Richard Branson, falando sobre suas conquistas e aventuras com balões, quebrando recordes atravessando oceanos ou planejando viagens galáticas. Além dos negócios, claro.

Tá feliz por que, meu caro?

O império do cara

Só para ter uma breve ideia, eis algumas de suas quatrocentas empresas e empreendimentos sociais:


  • Virgin Green Fund, investindo em energia renovável e uso eficiente de recursos naturais;

  • Virgin Earth Challenge e o prêmio de 25 milhões para encorajar desenvolvimento de tecnologia viável para remover gases antropogênicos associados ao efeito estufa;

  • Virgin Unite, fundação sem fins lucrativos que foca em abordagens empreendedoras para assuntos sociais e ambientais;

  • The Elders, o grupo de experientes ativistas e políticos que já encerraram suas carreiras e agora podem utilizar sua sabedoria e integridade para fazer a diferença em assuntos de importância global, incluindo o combate ao tráfico de mulheres que mencionamos recentemente no #debatepdh;

  • Virgin Mobile, que tem serviços malucos como permitir bloquear alguns números depois de um certo horário, pra evitar acordar na manhã seguinte do lado da pessoa errada. Ou o serviço de ligação automática para fingir que um amigo precisa de ajuda urgente, e sair de fininho em um encontro às escuras que deu errado;

  • Virgin Airways, uma empresa aérea que deu um peixinho dourado para um menino que teve que teve seu amiguinho retido num aeroporto da África do Sul;

  • Virgin Records, que foi o primeiro grande sucesso e trouxe nomes como Mike Oldfield, Sex Pistols, Phil Collins, Boy George e Janet Jackson (com muita dor no coração, essa marca foi vendida para a EMI para salvar as operações da companhia aérea).

As aventuras de Branson estão bem documentadas no livro Losing My Virginity e sua visão de negócios é apresentada no Business Stripped Bare.

Imagino que os leitores PdH podem também gostar da leitura dessas obras, por causa de elementos essencialmente semelhantes entre Branson e o que nos propomos aqui. Para ilustrar os paralelos, uso três textos old-school do PapodeHomem:

1. Unindo a paixão e o dinheiro para o sucesso

Artigo de referência: "Você bloga por paixão ou por dinheiro?"

Branson sempre se destacou em esportes mas era péssimo nos estudos. Alguns professores especulavam que ele era disléxico.

Aos 16 anos, montou junto com um amigo a revista Student. Ficava encarregado das operações comerciais, buscando anunciantes: nos intervalos de aula, ia a um telefone público e pedia que a telefonista o conectasse com potenciais patrocinadores, usando-a como pretensa secretária e dando um ar de senioridade.

A revista conectava estudantes e abordava temas de importância social, como gravidez na adolescência e tentativas de suicídio. O lado social sempre esteve presente nas iniciativas de Branson e é um dos fatores de seu sucesso.

Os negócios começaram a prosperar e, quando a circulação aumentou, Branson decidiu abandonar a escola. O diretor lhe disse: "Branson, de duas, uma: ou você se tornará um milionário, ou vai acabar na cadeia". Ambas as previsões se realizaram.

Branson utilizou a revista para iniciar um serviço de venda de discos pelo correio. Como algumas operações eram internacionais, em um imbróglio fiscal, foi preso pelas autoridades aduaneiras e libertado com pagamento de fiança.

Depois das vendas por catálogo, a Virgin abriu sua primeira loja, na Oxford Street, em Londres, seguida por um estúdio próprio. Não acho que foi coincidência de Branson ter voltado seu primeiro grande sucesso no ramo da música: ele é um grande festeiro! No último encontro dos funcionários da Virgin, ele reuniu mais de 7.000 funcionários e família em sua casa de campo, que acamparam no quintal e curtiram música ao vivo de grandes bandas.

E não é apenas no ramo da música que Branson capitalizou sua paixão com a arte de oferecer valor aos consumidores e lucrar bilhões: Necker Island, sua ilha pessoal nas Virgin Islands é usada para turismo, festas e networking com grandes líderes. E sua paixão por Star Trek promete trazer grandes retornos com passagens espaciais a partir de 200 mil dólares, via Virgin Galactic.

A ilha do cara

2. Viver a vida ao máximo não é nenhuma estupidez

Artigo de referência: "A estupidez do padre Aderli"

As iniciativas de Branson são sempre comparadas a lutas entre David e Golias, pois a Virgin sempre procura indústrias onde existe um domínio e consolidação de mercado na mão de um player que ficou confiante demais.

Quando iniciou sua empresa aérea, o diretor presidente da poderosa British Airways ironizou apontando que Branson estava velho demais para o rock and roll e novo demais para voar.

Conforme a Virgin expandia operações e era celebrada por consumidores como uma empresa mais divertida, atenciosa em pequenos detalhes e com ótimo custo-benefício, teve que enfrentar o jogo sujo da British Airways saindo por cima após processo contra monopólio e práticas desleais.

Um enfrentamento semelhante aconteceu na ocasião do lançamento da Virgin Cola: a principal concorrente viu que seu mercado estava ameaçado e utilizou seu poder para intimidar vendedores a não manter o refrigerante da Virgin nas prateleiras, caso contrário ela boicotaria os comerciantes retirando seus freezers. Essa foi uma briga em que a Virgin perdeu feio, apesar da Virgin Cola ainda ser um hit... em Bangladesh.

Consegue encontrar as 74 bandas referenciadas nessa imagem? Um cara listou 62 aqui.

Essa vida sem medo de enfrentar gigantes empresariais também se revela na sua paixão por desafios esportivos. Ele quase morreu diversas vezes, mas não se arrepende, como fica claro em mensagem escrita aos filhos quando estava numa situação à beira da morte em um balão:

"Querida Holly e Sam, a vida pode ser surreal de vez em quando. Saudável e vivo um dia. E não mais aqui em outro dia. Como vocês dois sabem, eu sempre tive a vontade de viver a vida ao máximo de seu potencial. Isso significa que eu tive a sorte de viver a vida de muitas pessoas ao longo dos meus 46 anos. Eu amei cada minuto dela, e especialmente amei cada segundo de meu tempo com você e com a mamãe.
Sei que muitas pessoas acharam que nós fomos tolos em embarcar nessa última aventura. Eu estava convencido de que eles estavam enganados. Eu senti que tudo o que nós aprendemos em nossas aventuras no Atlântico e Pacífico significaria que nós teríamos uma viagem segura. Eu achei que os riscos eram aceitáveis. Obviamente eu me enganei.
Porém, não me arrependo de nada sobre minha vida a não ser não estar com Joan para finalmente ajudar no desenvolvimento de vocês. Na idade de 12 e 15 vocês já tinham suas personalidades desenvolvidas. Nós somos ambos muito orgulhosos de vocês. Joan e eu não poderámos desejar filhos mais encantadores. Vocês são ambos gentis, respeitosos, cheios de vida (até sabidos!). O que mais é que nós poderíamos querer?
Sejam fortes. Sei que não será fácil. Mas nós vivemos uma maravilhosa vida juntos e vocês nunca esquecerão todos os bons momentos que tivemos.
Vivam a vida ao máximo também. Aproveitem cada minuto dela. Amem e cuidem da mamãe como se ela fosse eu e ela juntos em uma só pessoa.
Amo vocês,
Papai."

Link YouTube | Palestra de Richard Branson

3. Texto inaugural do PdH sobre a missão de desenvolver o significado de lifestyle

Artigo de referência: "Lifestyle Magazine: um novo conceito"

Por fim, retomo ao começo da PdH. Quando colocamos em nosso propósito o desenvolvimento do conceito de lifestyle e sua experiência direta na vida.

O que é o estilo de vida que um verdadeiro homem deseja e merece?

Alguns acham que é ficar milionário para viver de renda, abandonando todo tipo de trabalho para viver uma vida hedonista e preguiçosa na beira da praia... Será mesmo que é isso? O que esse homem que você precisa conhecer pensa a respeito?

Especula-se que a fortuna pessoal de Richard Branson esteja entre dois a três bilhões de libras esterlinas. Suficiente para aposentar. Por que, então, ele continua engajado em tantos novos empreendimentos? Já não acumulou dinheiro suficiente?

Não é assim que Branson declara pensar. Para ele, o dinheiro é apenas interessante enquanto recurso que permite se fazer coisas. O dinheiro não é representativo de sucesso na vida (e a fama e mundo das celebridades são guias ainda piores para medir o sucesso).

Em entrevista recente, afirma: "Sucesso é quando criamos algo de que podemos ter orgulho".

Richard Branson segue esse caminho de sucesso e encara suas iniciativas empresárias como seu estilo de vida e legado ao mundo.

Como exemplo, pela próxima década inteira vai dedicar 100% do lucro de suas companhias de transporte (Virgin Atlantic e Virgin Trains) para o desenvolvimento de tecnologias de energia renovável. O investimento, claro, vai para a Virgin Fuels.

Mas o que é, afinal, a Virgin? Como explicar essa estranha empresa que tem academia de ginástica, serviços financeiros e tantos outros que não foram mencionados? Qual é o foco?

A resposta é curta e simples: lifestyle.

Através de sua vida pessoal e abordagem de negócios, Branson conseguiu transformar a Virgin em uma marca de estilo de vida alegre, ousado e irreverente com atitude.

PapodeHomem em seus primórdios. O que você vê aí? Uma página na web?

Aproveitando... Como você vê o PapodeHomem?

Achei fascinante fazer a pesquisa sobre Richard Branson e me veio uma curiosidade enorme: o que a marca Papo de Homem representa para você? Quais possibilidades você visualiza no futuro desse projeto?


publicado em 11 de Maio de 2010, 14:08
7bfbc913211184143e0c3329b12dd6c9?s=130

Victor Lee

É o embaixador europeu da PapodeHomem e está sempre de malas prontas para ir onde tem mulher bonita. É autor do "From Victor With Love - Diário".


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura