PS4 | Como a conferência da Sony na E3 salvou o mundo dos videogames

Assim como a Nintendo fez quando lançou o querido Nintendinho, ontem a Sony salvou a indústria gamer.

Na época do lançamento do NES (1985, data de lançamento da versão americana), a indústria enfrentava uma crise sem fim, por causa da bolha criada pela quantidade absurda de jogos horríveis que saíam para Atari. Não existia um controle de qualidade, qualquer empresa de fundo de garagem podia fazer jogos e lançá-los. Formou-se a bolha que, ao estourar, quase leva toda essa brincadeira pro ralo. Maldito E.T..

Mas fomos salvos pela empresa japonesa que iria dominar não só os videogames, mas os nossos pequenos corações. E com o passar dos anos, a indústria dos videogames passou a ser maior que a do cinema. Agora, me diz aí, o que aquelas pessoas engravatadas que sabem tudo fazem quando estão enchendo o rabo de dinheiro? Exatamente. Querem mais dinheiro.

Quem presta um pouco de atenção em mercado e no nível de insatisfação de uma "comunidade" que consome produtos e serviços, consegue enxergar lá longe a formação de uma bolha. Essa se formou com a necessidade de se ganhar mais alguns trocados com a boa e velha desculpa da pirataria. A Eletronic Arts e a Microsoft talvez sejam as duas empresas que mais contribuíram para que essa bolha se formasse.

"Amor eterno, amor verdadeiro"
"Amor eterno, amor verdadeiro"

A história se repete -- só não vê quem não quer. Jogos lançados às pressas, sequências vazias que são exatamente o mesmo jogo com outro nome (olá Call of Duty!), jogos incompletos que você tem que comprar um DLCzinho para terminar, a maldição do patch de correção...

A lista é grande.

Até agora, o que estava balanceando as coisas eram os jogos indies, o Steam e o Good Old Games. Mas o futuro não era nada promissor. A nova geração de consoles está vindo aí e os rumores são desastrosos. Além é claro, de mais uma das grandes pataquadas da história da Eletronic Arts: o novo Sim City.

Tem que ter uma conexão o tempo todo. Você simplesmente não é dono de nada, uma vez que tudo que você faz no jogo fica salvo apenas nos servidores da EA. Um zilhão de bugs e problemas causados pelo lançamento de um jogo que não havia sido terminado. Isso quer dizer que, daqui a uns cinco anos, quando você quiser jogar novamente, não poderá, pois a EA provavelmente terá fechado os servidores para o mais novo Sim City, no qual você pagará mais um monte de grana, para não ser dono de nada.

É o mesmo que pagar R$100,00 para jogar aqueles joguinhos em flash no seu navegador.

O terror de quem gosta de videogames só ia aumentando. DRM pra cá e pra lá. Rumores de que não se poderia usar jogos usados nos novos consoles, rumores de ter que ficar online o tempo todo para jogar, que as gigantes não iriam mais apoiar os desenvolvedores pequenos...

E a bolha lá.

Aí vem a Microsoft, com o seu XboxOne, sendo previsível como só a empresa criada por Bill Gates pode ser.

Phil Spencer, vice-presidente da Microsoft Games Studio, fala sobre o novo Xbox durante coletiva de imprensa no E3, em Los Angeles
Phil Spencer, vice-presidente da Microsoft Games Studio, fala sobre o novo Xbox durante coletiva de imprensa no E3, em Los Angeles

Eles nos apresentaram um “sistema único de entretenimento”, que tem que ter conexão com a internet pelo menos uma vez por dia para funcionar (não, nada de levar para a casa da avó no interior), que não aceita jogos usados, que a princípio não facilitará a vida dos desenvolvedores de jogos indies. Você vai até ganhar troféu para ver televisão! Olha que legal, assistiu uma temporada inteira de Walking Dead! Achievment de Platina por aguentar algo tão ruim.

Nossas esperanças estavam com a Sony, que já havia criado -- para mim -- o melhor console da história, o PS2 (mal aê SNES).

E ela não desapontou. Apresentou, na noite de ontem, o PS4. E poucas vezes na vida eu vi uma empresa arrasar a concorrente de maneira tão clara e tão forte como ontem.

Andrew House, presidente da Sony Computer Entertainment, apresentando o PS4, mais barato que o X Box apresentado no dia anterior
Andrew House, presidente da Sony Computer Entertainment, apresentando o PS4, mais barato que o X Box apresentado no dia anterior

Uma coisa clara aqui é que a Sony não se dobrou aos consumidores e nem que ela é a empresa mais legal do mundo. O que ela fez foi, em todos os quesitos, ser um pouco melhor que o concorrente.

Concordo com esse ótimo artigo do Kotaku Brasil, de que a Sony fez o suficiente para um Fatality na concorrência. E foi muito bem dado, eu diria. A tal bolha ainda pode crescer e estourar, mas graças à gana de alguns empresários quererem o seu dinheiro destruindo a concorrência ao invés de outra maneira (o que eu acho bem melhor), estamos salvos por mais alguns anos.

Sobre jogos usados, bem... talvez a maior cutucada numa concorrente desde que pedimos para a Coca-Cola mostrar a árvore da Coca.

Link YouTube

Em resumo, o PS4 é mais barato, mais poderoso (um pouco), sem restrições, apresentou mais jogos, e o mais importante de tudo: é um videogame e não uma Apple TV mais elaborada.

Sobre as especificações elas já eram conhecidas, mas não custa nada relembrar:
. processador octa-core com APU e GPU ATI Radeon de 1,84 teraflop/s integradas;
. 8 GiB de RAM GDDR5, destes 7 GiB para games;
. HD de 500 GB (a Sony confirmou que ele poderá ser substituído);
. saída de vídeo analógica e digital, com suporte a 4K;
. áudio digital via HDMI ou S/PDIF;
. drive Blu-ray Disc;
. conexões de rede Wi-Fi, Bluetooth 2.1 e Ethernet;
. duas portas USB 3.0.
[...]
Ainda assim é importante ressaltar a lista de vantagens do PS4 sobre o XBox One:
. nenhuma restrição a games usados;
. games poderão ser emprestados e trocados livremente, sem necessidade de códigos ou ativações;
. console não executará checagem de internet a cada 24 horas;
. PlayStation 4 Eye não é acessório obrigatório (até porque ele é vendido separadamente, custando US$ 59).
PlayStation 4: uma olhada mais de perto - Meio Bit

Resultado da noite de ontem
Resultado da noite de ontem

Obs: Se quiser saber tudo o que já rolou na E3 e o que ainda está por vir, acompanhe o Kotaku Brasil.


publicado em 11 de Junho de 2013, 09:03
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Pedro Turambar

Pedro tinha 25 anos e já foi publicitário. Ganha a vida fazendo layouts, sonha em poder continuar escrevendo e, quem sabe, ganhar algum dinheiro com isso. Fundou o blog O Crepúsculo e tem que aguentar as piadinhas até hoje. No Twitter, atende por @pedroturambar.


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