A vida sem pornografia: conheça o movimento Reboot

PornHub é para você como droga pra dependentes?

Um ano e meio atrás, início de 2015. A cena parecia desenrolar em câmera lenta: eu mal podia acreditar no que eu estava digitando na barra de pesquisas do Google. As letras iam surgindo uma a uma: I want to stop watching porn. “Eu quero parar de assistir pornografia”. Os resultados dessa pesquisa no Google transformaram minha vida dramaticamente. Mas é preciso começar do começo.

Tenho 30 anos de idade, o que quer dizer que, até minha pós-adolescência, assistir pornografia era uma tarefa complicada, ainda mais na minha casa, onde tive criação de rígidos preceitos morais e religiosos. Era necessário ter acesso a revistas e vídeos e nem sempre – quase nunca – isso era uma tarefa simples.

Hoje, não: existe uma oferta ilimitada e de variedade absurda em relação a anos atrás, tudo de graça, com internet em alta velocidade. Que diferença isso faz? Bem, a ciência está mostrando que faz toda a diferença.

Eu não sabia de nada disso quando fiz minha pesquisa no Google. O que eu sabia é que a pornografia online não estava me fazendo bem. Naquele dia, quando um jato do meu próprio sêmen me atingiu na barriga e eu parei pra prestar atenção no que eu estava assistindo, meu pensamento seguinte foi em dar um tiro na minha cabeça. Alguma coisa estava errada comigo, e eu estava prestes a descobrir uma luz no meu caminho e próximo de iniciar uma jornada muito difícil, porém transformadora.

Nosso cérebro e a pornografia online

O primeiro site que o Google indicou na minha busca foi o Your Brain on Porn – seu cérebro na pornografia. E lá fui recomendado, para começar, a assistir a palestra The Great Porn Experiment, do cientista Gary Wilson. Esse vídeo é praticamente obrigatório para começar a entender os efeitos que a combinação vídeos pornô + internet banda larga tem sobre nós.

Recomendo fortemente assistir a esse vídeo antes de prosseguir. Caso não possa ver agora, vou resumir o vídeo em tópicos. Mas quando puder, assista.

  • Um cientista tenta pesquisar os efeitos da pornografia no cérebro humano, mas não consegue, pois não consegue encontrar um homem sequer que não consumisse pornografia para poder comparar com os outros. (A hilária conclusão de sua pesquisa foi: homens que não assistem pornografia não existem.)
  • Um tempo depois, um grupo de controle é finalmente encontrado em uma comunidade na internet: homens que estavam (e estão) voluntariamente abandonando a rotina da pornografia online.
  • Mas porque tantos caras estavam batendo em retirada da pornolândia? Por causa de uma nova doença: PIED (Porn Induced Erectile Disfunction), ou, em português, DIEP: Disfunção Erétil Induzida por Pornografia. Que na prática é: o cara se excita e tem ereções normalmente assistindo pornô, porém é incapaz de ter relações com uma pessoa de carne e osso.
  • Mais pesquisas científicas mostraram que a rotina da pornografia online modifica o cérebro, criando uma rota de acesso fácil e rápido ao prazer (dopamina), idêntico em funcionamento a um vício qualquer como cigarros, álcool, açúcar, cocaína etc. Com duas diferenças principais:
    1) Age diretamente nos ciclos hormonais e no sistema reprodutor, tornando-o hiperestimulado e, ao mesmo tempo, insensível à realidade objetiva e
    2) é uma rotina estimulada pela diversidade. O viciado em cigarros quer mais cigarros, sempre a mesma droga; o viciado em pornografia, não. Este pode começar com vídeos leves, como um striptease, e com o tempo estes vídeos leves não mais o excitarão, e os vídeos que ele busca serão cada vez mais diversos e extremos. A rotina da pornografia gera um vício em excitação estimulada pela constante oferta de novidades.
  • A DIEP é o sintoma físico mais extremo da rotina da pornografia online. Não é necessário chegar lá para sentir-se prejudicado por esse hábito/vício. Outros sintomas de que seu cérebro está ligado na pornografia são: ansiedade, confusão mental, preguiça, indisposição física, desânimo, baixa autoestima, falta de interesse por atividades comuns do cotidiano, falta de empatia com as pessoas, vida afetiva e sexual estagnadas.

O artigo que deu origem a essa palestra foi traduzido para o português e pode ser lido aqui.

Este é um problema exclusivamente masculino?

Não, mas é um problema que atinge homens e mulheres de formas muito diferentes. É possível encontrar relatos de mulheres nas comunidades e fóruns, porém os relatos de mulheres sendo afetadas de forma negativa pelo próprio hábito são muito raros. Parecem ser dois os motivos principais para isso:

  1. 99.99% da pornografia é feita por homens, para homens e trabalha em efeito cumulativo com a mídia, o mercado e demais setores da sociedade de consumo para manter as mentes masculinas hiperestimuladas por sexo (assunto pra outro texto).
    A proporção de homens e mulheres com problemas relacionados à pornografia é bem diferente, com uma maioria esmagadora de homens.
     
  2. O cérebro e o sistema reprodutor carregam uma herança genética que os faz ficar excitados com a diversidade; quanto maior o número de parcerias sexuais, maiores os níveis de dopamina e desejo sexual (isso se chama efeito Coolidge. Ele atinge tanto machos como fêmeas, mas o observamos majoritariamente em homens, talvez também pelas motivações culturais citadas acima). 
    Isso na prática quer dizer que: infelizmente para nós, quando estamos com 9 abas de vídeos pornô abertas e transitando entre elas, o cérebro acha que estamos na gozolândia da perpetuação da espécie e faz de tudo para nos manter ali, sem sequer desconfiar que estamos sozinhos num quarto, com o pau (ou vibrador) na mão, diante de uma tela.

O que é um Reboot e o que ele pode fazer por você

Se você chegou até aqui no texto, pode estar cético, curioso ou até mesmo empolgado. Qualquer um desses três casos é um convite para a ação. É evidente que eu (e milhares de outras pessoas) estou sugerindo que você deveria ao menos experimentar consigo mesmo e deixar a pornografia de lado por um tempo e ver o que acontece.

Vejo nos sites e fóruns comentários do tipo: Ha! Foda-se isso tudo. Não há nada de mais em consumir pornografia, e além disso, não sou viciado. Será? Oras, se não há nada de mais e você nem é viciado, porque a resistência em não usar por um tempo, muito embora haja milhares de relatos positivos e histórias de sucesso?

Eu mesmo nunca me considerei um caso grave (apesar de consumir pornografia quase diariamente dos 19 aos 29 anos), mas quando resolvi fazer a experiência de ficar 90 dias sem pornô, me surpreendi com duas coisas: 1) minha dificuldade em parar e 2) os benefícios que senti logo a partir dos primeiros dias.

Vale lembrar sempre: minha geração não possuía internet de alta velocidade na infância e pré-adolescência. Hoje, o rapaz de 15 anos que nem beijou na boca direito já cursa educação sexual no PornHub há 3 anos. Isso faz toda a diferença e é com as novas gerações que temos de ficar mais atentos quando falamos sobre esse assunto.

Conceito de Reboot, ou reinicialização

É um período de completa abstinência de pornografia e estímulos sexuais artificiais até que seu cérebro volte a funcionar normalmente. O tempo mínimo indicado para essa vivência é de 90 dias.

O uso do termo Fap também é comum, sendo “fap” a gíria pra masturbação nas internets.

O desafio dos 90 dias

Uma jornada se inicia

Três meses é o tempo médio observado para uma reinicialização bem sucedida. Esse tempo pode variar muito – geralmente, homens mais velhos precisam de menos tempo do que os mais novos. E em casos graves um reboot pode até levar mais de um ano (conheça a história de Gabe Deem, fundador do Reboot Nation). Mas os 90 dias são, no mínimo, um excelente (re)início.

Durante esses dias, caso haja recaída, reinicie a contagem. Sexo com pessoas de carne e osso está liberado.

Benefícios esperados

Não acho exatamente positivo listar isso pois pode gerar expectativas que não necessariamente serão satisfeitas. Cada pessoa tem o seu tempo e modo de reação, cada cérebro é único e as experiências, obviamente, são muito variadas. Mas imagino que você possa estar esperando por essa parte.

O que vou listar aqui faz parte da grande maioria dos relatos que eu já li e escutei, e faz parte também da minha própria experiência, embora prefira não falar só dela nesse momento.

  • Aumento de energia e disposição. Isso, em geral, é sentido nos primeiros dias. Por não estar ejaculando diariamente e desperdiçando sua energia sexual, é esperado que gradualmente a pessoa se sinta com mais vigor.
  • Maior clareza mental. Menos dispersão e lerdeza para processar as ideias, menor tendência a se perder no meio das tarefas, menos propensão à procrastinação.
  • Aumento da memória. Muitas pessoas afirmam que sua memória é muito melhor do que antes; infelizmente, não posso falar por mim nesse caso, a minha continua uma merda pra certas coisas.
  • Melhora da autoestima. Talvez por não estar mais sobrecarregando sua mente com sexo e comparando seu corpo ao de outras pessoas, talvez por estar armazenando sua energia e não a desperdiçando, talvez as duas coisas e muito mais… O que parece ocorrer de fato com o reboot é uma nítida evolução da autoestima. Muitas pessoas que o fazem relatam, inclusive, que estão chamando mais a atenção de outras pessoas – ou será que elas estão só agora percebendo isso? Autoestima elevada traz outras consequências positivas como as duas seguintes.
  • Maior entusiasmo com as atividades cotidianas. “De repente”, lavar uma rodada de louça, fazer um almoço ou uma faxina – tarefas básicas e necessárias do cotidiano que muitos abominam – tornam-se mais agradáveis e significativas. A percepção do valor de fazer pequenos atos para si e para os outros aumenta.
  • Maior empatia com as pessoas. Essa, pessoalmente, é a mudança favorita na minha vida e é testemunhada também pela maioria das pessoas em reboot (e relatada com entusiasmo pelo ator Terry Crews em um vídeo ao final desse texto). O olhar sobre o outro passa a ser menos julgador e interesseiro. Uma curiosidade genuína pelo que se passa dentro de outras pessoas começa a surgir e com isso, a vontade de escutar e aprender também aumenta. Eu não esperava por isso e muitos outros rebooters parecem se surpreender com esse fato.
  • Maior intensidade no envolvimento sexual. Eu me recuso a escrever “melhora do desempenho sexual” como já vi em outros lugares pois é um termo que invoca a competitividade. O que quero dizer aqui é que suas relações sexuais serão mais vívidas, intensas, envolventes, carinhosas, memoráveis etc. Isso também envolve ereções mais vigorosas e duradouras. Procure os relatos.

Estas são apenas algumas das coisas que podem acontecer contigo caso decida fazer uma reinicialização dos seus circuitos de recompensa. Há centenas de relatos na internet, escute à vontade. Agora vamos pra parte chata.

Dificuldades esperadas no reboot

O processo de reboot de qualquer vício vai ser cheio de obstáculos. Supere. Vá em frente

É muito importante reforçar o seguinte: você não é nenhum tipinho medroso fugindo de sua sexualidade se optar pelo reboot. O seu corpo estará passando por um catártico processo de mudança: você o programou, lenta e continuamente, para se excitar com determinados estímulos, e agora está fazendo o caminho inverso. Não porque você não quer mais se masturbar diante do computador – mas sim porque você quer se tornar o tipo de pessoa que não precisa se masturbar diante do computador assistindo pornografia. Medite nessa diferença. Ela é crucial.

O processo pode ser muito severo e todo o conhecimento que você puder obter sobre essa fase serão úteis (assista a palestra antes de tudo!). Algumas dificuldades são esperadas durante o processo:

  • Impulsos sexuais. Chamados em inglês pela comunidade de urges, são nada mais nada menos que os picos de intensa vontade de ver pornografia e se masturbar diante dela. São sentidos desde o primeiro dia e tendem a passar com o tempo. É muito importante passar pelos primeiros dias e não ceder.
  • Flatline. Pode haver um período onde a libido – energia sexual – da pessoa simplesmente desaparece. Não há qualquer desejo de prazer ou interação sexual em situação alguma. Alguns homens relatam ter a impressão de que o pênis encolheu e/ou está completamente insensível. Pode ser um período breve ou pode durar meses em casos extremos. Mas esse período também é passageiro e após o flatine a libido volta a se reestabelecer normalmente.
  • Chaser effect (efeito perseguidor). São os impulsos sexuais que vêm na esteira após um sonho erótico ou uma interação sexual real. Por exemplo: durante o reboot você transa com uma parceira ou parceiro real, e nos dias seguintes seus impulsos sexuais aumentam devido às (espero que boas) lembranças do sexo recente.
  • Ansiedade, irritabilidade, tristeza, desespero. Assim como qualquer vício ou rotina que estão sendo interrompidos, seu reboot poderá lhe proporcionar uma fase sombria, agoniante, especialmente se a pornografia está profundamente enraizada em seu dia-a-dia e, portanto, no seu cérebro. Leia os relatos nos fóruns: muitas pessoas passaram por essas fases difíceis para encontrar paz adiante. Lembre-se sempre do seu propósito e de que você ficará bem.
  • Sonhos eróticos muito realistas, polução noturna, sono agitado. Comum nas primeiras semanas.

Boas práticas durante um Reboot

Pra começo de conversa, o óbvio: não assista pornografia. Apague suas contas em sites pornôs, se possuir. Apague todo o material do computador, jogue fora revistas e vídeos, saia de grupos do WhatsApp onde haja troca de material, pare de seguir pornstars nas redes sociais, etc. Se necessário use aplicativos como o SelfControl e bloqueadores de sites.

Quanto a dicas, técnicas e métodos, você vai encontrar muito material na internet para passar com mais tranquilidade pelo seu reboot (links no fim desse texto).

Aqui, falo de outras coisas que fiz na minha vida que me ajudaram em geral, não só com a pornografia. Costumo ser chamado de radical ou paranóico por causa disso, mas lá vai:

  • Eliminar a televisão da vida, pra valer. Dê a sua embora, venda ou destrua (melhor opção). Evite restaurantes com TVs ligadas, chegue na casa dos outros desligando a TV e colocando uma música, atravesse a rua quando for passar pela loja de TVs etc.
  • Não assistir propagandas. Elimine-as da sua vida. Instale adblockers em seus navegadores (Chrome, Firefox etc).
  • Ande a pé. Ande muito a pé. Faça coisas que fazia de ônibus ou de carro a pé. Ande horas a fio a pé. Vá a pé para lugares que nunca foi. Volte a pé desses lugares. Durma de pé (ok parei).
    Andar a pé te põe pra pensar, olhar, ver pessoas, paisagens e coisas do tipo. Além disso, te tira do isolamento, condição que favorece uma sacada no PornHub.
  • Pratique exercícios físicos.

Minha experiência e meus objetivos com este texto

Tive meu primeiro contato com a cultura Reboot no início de 2015. De lá pra cá tive algumas tentativas mal sucedidas, e uma bem sucedida, a qual estou vivendo até então. O que posso dizer até aqui é que estou satisfeitíssimo com minha escolha e com os resultados.

Gostaria de ter escrito este texto antes. Porém, quando fui escrevê-lo da primeira vez, tive uma recaída séria com pornografia, por causa das minhas pesquisas para o texto. Pode rir. Por isso resolvi esperar até me sentir à vontade pra escrever sobre o assunto, sem ser hipócrita, e isso levou mais de um ano, fora as semanas de pesquisa pra escrever.

Com este texto busquei oferecer um panorama geral o que a ciência sabe, hoje, sobre a rotina de consumir pornografia, o que isso cria no nosso cérebro e o que é Reboot – dois conhecimentos que até poucos anos não tínhamos. Não estou trazendo nada de novo, apenas aproveitando que tenho um pouco de público para apresentar esse rolê do qual praticamente não se fala no Brasil.

Antes de conhecer a comunidade Reboot eu já havia tentado me libertar das minhas rotinas pornográficas, sem sucesso. Era muito difícil, mas o principal motivo de minhas recaídas é que eu não via um motivo claro para me abster da pornografia. Fora que, na mídia, sempre costuma brotar do chão algum dito especialista dizendo: “Masturbe-se o quanto quiser sem constrangimentos! É saudável! Pornografia também é autoconhecimento!”

Penso que o problema não é a pornografia em si. Seu computador ou celular não entram sozinhos nos sites pornôs. (Eles podem até entrar, mas você sabe o porquê). Tenho amigos e amigas na indústria pornográfica que desenvolvem um trabalho sério, e eu os respeito. O problema é quando isso se torna uma necessidade, uma rotina, um vício, qualquer que seja a palavra escolhida.

Por outro lado, não adianta proibir ou negar de uma maneira repressiva. Os religiosos estão sempre dizendo: não se masturbe, não faça sexo. O problema desse tipo de comando é que ele contém a ordem inversa dentro dele. Elimine a palavra não: o que sobra? Se masturbe, faça sexo. Essa mensagem vai junto e planta sua semente. Mas é um contexto religioso e, por isso, não pode ser algo público. Portanto, sexo, pedofilia, abusos e estupros sendo acobertados nas igrejas, templos e cultos.

E não podemos esquecer que a abstenção de masturbação não é novidade nenhuma em outros contextos: algumas escolas de artes marciais, Yoga, Tantra, xamanismo e outras correntes esotéricas/filosóficas já tratam do assunto. O armazenamento e controle da energia sexual é um conhecimento que vem sendo discutido há milênios. A ciência está chegando só agora nesse conhecimento – assim como aconteceu com a física quântica em relação à outras filosofias do oriente.

Com o passar do tempo a pessoa vivendo um reboot sentirá, nitidamente, o acúmulo dessa energia dentro de si e as possibilidades que ela traz. É dessa energia que emanam todos os outros benefícios de não expulsar constantemente a sua energia sexual, de forma solitária, diante de uma tela.

Reboot Brasil

O único site brasileiro ativo dedicado ao assunto possui um título que considero péssimo: Vício Em Pornografia Como Parar?.

Não gosto dessa abordagem, como já expliquei acima. O foco fica apenas no que você quer deixar de fazer – e não a pessoa que você gostaria de se tornar, as coisas novas que gostaria de fazer, os novos hábitos que gostaria de construir.

Porém, trata-se de um site com bastante material útil e inclusive um fórum com bastante relatos e histórias de sucesso de brasileiros que praticaram Reboot. Separei alguns links de interesse imediato:

Considerações finais

Optei por não contar a minha história neste texto, pois achei mais importante passar um panorama geral sobre o assunto. Caso haja interesse, posso gravar um relato com minha experiência.

Passar por um reboot não te transforma em outra pessoa; suas qualidades, defeitos e particularidades continuarão contigo. No entanto, você terá mais energia e um olhar renovado sobre a vida e as coisas, podendo assim lidar de maneira mais franca com as adversidades e fazer escolhas mais conscientes.

O topo da sua montanha é recobrar a capacidade de controlar corpo e mente

Se decidir fazer essa experiência, informe-se o máximo possível antes de começar: entenda o que está acontecendo com seu cérebro e seu organismo, leia histórias de sucesso, histórias de recaídas, entenda as dificuldades que você vai enfrentar. Converse com sua parceira ou parceiro, amizades próximas, exponha a situação.

Um dos principais problemas da pornografia é que é um hábito solitário. Por exemplo: quando vamos a um bar com mais pessoas para beber há o contexto social, existe o olhar do outro, temos referências pra saber quando fomos longe demais ou quando um amigo já passou dos limites. Já com a pornogafia é muito difícil estabelecer parâmetros para saber se estamos bem ou não, devido a uma série de fatores: vergonha, tabus, dúvidas, sentimento de inadequação etc.

É claro que existem também as pessoas que tentam desencorajar. Eu não consigo entender o motivo pra colocar alguém pra baixo diante de uma escolha pessoal, na busca de mudanças. Mas essas pessoas estão aí, nas seções de comentários.

Portanto, se você está pensando em vir a público pra defender o seu direito de assistir pornô, repense sua estratégia: ninguém está tentando retirar esse seu direito ou te tirar do seu quarto. Reorganize os seus bancos de memória, não se exponha à toa. A pornografia já é o padrão social: ela não precisa de defensores. O que estamos fazendo aqui – como sempre tentamos fazer nesse espaço – é trilhar caminhos alternativos.

Por último, eu não sou nenhum especialista no assunto, sou apenas uma pessoa que foi modificada profundamente pela experiência do reboot. O único objetivo desse texto foi compartilhar conhecimento, esperando que seja útil para alguém, assim como foi pra mim.

E se você decidir iniciar a caminhada sem pornografia, te desejo toda a força, você vai ficar bem! Busque conhecimento, respire fundo e dê o primeiro passo. Pra finalizar deixo aqui um recado do ator Terry Crews.

Para ler mais sobre Reboot

Acesse o fórum brasileiro. Lá estão todas as informações necessárias e experiências de outras pessoas.

Textos e entrevistas

Vídeos

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Nota da editora: este texto foi originalmente publicado no site do autor e aqui reproduzido com sua autorização.


publicado em 03 de Agosto de 2016, 10:15
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Rafael Trabasso

Artista plástico, tatuador e escritor com vocação para o nomadismo e a loucura. Não quero ser o primeiro, nem melhor do que ninguém; só quero viver em paz e ser tratado de igual pra igual.


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