Os melhores discos de 2013 | seleção PdH

Ó, lá: 2013 já vai dando com os burros n'água. É aquela velha coisa de sempre: viagem para ver os pais, reunião e ceia com os avós, romã, promessa, cueca amarela e o que mais sobrar para gerar dinheiro e paz no próximo ciclo de 365 dias (Alguém aí sabe se 2014 é  bissexto? Eu nunca sei...).No meio de tudo isso, você acaba olhando para trás e revendo a vida.

Entre as trocas de emprego, a saída de casa, emoções mil e a ameaça inédita da queda do time de coração, ainda consegui ouvir um punhado de coisa foda.

Pô, por mais que seja meaboca, ano que tem disco do Paul  McCartney é sempre maneiro. Porra, teve o Bowie aparecendo do nada e o Queens Of The Stone Age mostrando novamente como soar pesado e absurdamente bem construído.

Nesses 12 meses que vão escorrendo pelo ralo, também deu tempo do Kanye West lançar uma paulada e do Emicida sair dos EP's (olha os manos aí). Teve também o megabuzz publicitário do Daft Punk, que fez música com instrumentos e roubou nossos ouvidos (para o bem e para o mal). Get Lucky? Vão haver os hipsters urrando pelo Vampire Weekend e com o James Blake pisando fundo no r'n'b misturado com Kid A (sim, a obra-prima). O ano ainda valeu pela parceria Flea-Thom Yorke no Atoms For Peace e pelo Foxygen.

E é por isso tudo que a gente decidiu fazer, como você teve ter percebido, nossa listinha de discos do ano. Então, sem mais delongas, vamos aos preferidos da casa.

Bem, ainda que me considere minimamente democrático, como o editor da casa (ó, qualquer coisa, gonguem o Jader Pires) me designou para a missão, começo pelo meu favoritão do ano.

Arcade Fire – Reflektor (por Rafael Nardini)

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Afinal, que porra sairia da união criativa entre os canadenses queridinhos da crítica desde sempre com o líder do finaldo LCD Soundsystem? Coisa fina. Pegue toda aquelas camadas sonoras, aqueles milhões de músicos sobre o palco, os vocais do casal Win Butller e Régine Chassagne e adicione altas pitadas dançantes, lbacking vocal de Bowie na faixa título, letras que respingam o filósofo Søren Kierkegaard, estátua do Rodin na capa e novamente um plano de divulgação muito bem construído.

O Arcade Fire voltou mais radiofônico, mais dancing, criou sua Hey Jude (Awful Sound – Oh, Eurydice) e ainda lançou mão do quase dub Flashbulb Eyes, belezinha inspirada na música haitiana.

Wilson das Neves – Se me chamar, ô sorte (por Jader Pires)

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Push the Sky Away
Se me chamar, ô sorte

Era pra ser o Nick Cave o seu . Baita disco. Mas, em março, o Wilson das Neves lançou disco. Aí complicou pro australiano.  é a coisa mais gostosa que eu ouvi em 2013. São 14 delicinhas em forma de faixas musicais em que o velho Wilson coloca toda a sua malícia e delicadeza.

Pra quem não sabe, o Wilson das Neves é um baterista que já tocou com deus e o mundo todinho. De verdade. Tá na lista dele a Elza Soares, Elis Regina, Egberto Gismonti, Wilson Simonal, Elizeth Cardoso, Roberto Carlos, Francis Hime, Taiguara e Sérgio Sampaio. João Donato, Nara Leão, Jorge Ben,  Carlos Lyra, Ney Matogrosso, João Bosco, Maria Bethânia, Gal Costa, Emílio Santiago, Nelson Gonçalves, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Alcione, Tom Jobim, Miucha. Chico Buarque só grava ou sai em turnê se tiver as baquetas do mestre Wilson das Neves pra ajudar.

Nas décadas de 60 e 70, ele chegou a gravar discos fodas de samba instrumental, mas foi na década de 90, tardio feito Cartola, que lhe deram a letra: "cê tem que cantar, Wilson. Se não o povo não compra". Já são quatro discos de puro amor ao samba.

Wilson das Neves é a resistência do samba e, se é esse o representante do batuque nos dias de hoje, "ô sorte!".

Queens of the Stone Age - ...Like Clockwork (por Ismael dos Anjos)

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A cada vez que o Josh Homme demite alguém do Queens of the Stone Age, fica aquele receiozinho: agora fodeu.

Mas parece que, não importa a companhia, os ares do deserto sempre fazem um bem danado pro ruivo. Meu primeiro contato com o ...Like Clockwork, álbum gravado de produzido foi o show do Quotsa no Lollapalooza -- apresentação intensa, som idem. As faixas mais pegadas mantém o tradicional peso da cozinha da banda e as baladas "The Vampyre of Time and Memory" e "...Like Clockwork" são de uma lindeza impressionante.

Para mim, é o segundo melhor disco da banda, com Songs for the Deaf liderando e Rated R fechando o pódio. Álbum para se ouvir andando, correndo, acelerando e, se possível, ao vivo (a banda faz vários shows transmitidos pela internet, e costuma avisar sobre eles no Facebook).

Curiosidade: a ideia era que o Trent Reznor (do Nine Inch Nails e brother do Homme nessa lindeza de música chamada "Mantra") produzisse a coisa toda. Imagine só.

Bino -- Minha Mente, Mó baderna (por Felipe Franco)

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... Like Clockwork
O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui
Caro vapor/ Vida e veneno

Difícil escolher um único álbum que eu tenha gostado este ano. Dentre eles, citaria facilmente o do Black Sabbath, do Queens of the Stone Age ou o  do Emicida. Talvez até o de Don L, que escutei muito em 2013.

Mas o que eu realmente fiquei feliz em escutar foi o trampo do Bino na praça. Moleque bom que merece fazer esse tal sucesso.

E que saber? Dá pra baixar ele de graça.

Dave Matthews Band -- Live Trax (28!) (por Carolina Turck)

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Live Trax (28!)

Acaba ano, entra ano e Dave Matthews Band não sai da minha listinha de melhores álbuns e dessa vez não foi diferente. Os caras que em novembro estiveram no Brasil e quase morri por não ir aumentaram a série que reúne a setlist de diversas turnês.

Todo meu amor nas clássicas "#41", "Blackjack", "You and Me" e o solo delicioso em "Everyday"!

Pra quem é fã dos caras e  curte álbuns ao vivo tá aí a dica pra baixar os 28 e escutar até o final do ano quando certamente o 29º estará na minha lista de melhores 2014!

Mehliana -- Taming the Dragon (por Gustavo Gitti)

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Mehliana é um projeto novo com dois músicos quase não humanos de tão humanos: Brad Mehldau (talvez o maior pianista vivo no mundo do jazz) e Mark Guiliana (que toca num estilo próprio meio fusion com uma precisão absurda, para mim o melhor baterista dos inúmeros que já tocaram com Avishai Cohen, outro alienígena).

Eles passaram o ano em turnê, mas o álbum só sai em 2014. De qualquer modo, foi o que mais ouvi do pouco que ouvi em 2013 (obrigado, Fábio Rodrigues!). Se você gosta de improviso e de músicas WTF que abrem caminhos completamente imprevistos, às vezes acima das nuvens ou abaixo da crosta terrestre, experimente Mehliana.

Black Sabbath -- 13 (por Luciano Ribeiro)

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A banda é antiga, o álbum nem soou tão bem assim aos ouvidos de bastante gente. Mas, pra mim, foi bastante especial.

O motivo é que, depois de anos, ele foi o primeiro disco que eu consegui ouvir na íntegra, com um amigo, sem fazer nada. Apenas colocando o disco pra tocar, abrindo uma cerveja e focando exclusivamente nisso. Some o fato de ser um grande amigo, dos tempos do colégio - que costumava fazer essas audições comigo naquele tempo. A experiência foi intensa.

Apesar da produção um pouco moderninha demais e bastante exagerada na compressão e no ganho, é um legítimo disco do Sabbath. Me surpreendi com o vocal do Ozzy, que conseguiu cantar tão bem quanto não fazia há anos.

Fez jus ao histórico do Black Sabbath.

E, aqui, trouxe à tona uma nostalgia perversa que só o Tony Iommi sabe gerar.

Rob Zombie -- Venomous Rat Regeneration Vendor (por Guilherme Nascimento)

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Rob Zombie retorna às suas origens como um legítimo devorador de trolls com sucrilhos no café da manhã.

Sim, porque devorar hobbits é tarefa pro merdinha do Sauron. Álbum de raiz, espancador de tímpanos.

CERSV -- One Thousand Sleepless Nights (por Leonardo Soares)

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Não ouvi muitos lançamentos desse ano, pois estava pirando em pedras de 40 anos atrás. Mas um dos álbuns que mais me chamou atenção em 2013 certamente foi One Thousand Sleepless Nights, do produtor e beatmaker paulistano CERSV.

Disquinho lindo do começo ao fim, cheio de samples da Soul Music e complexas camadas, "OTSN" faz juz ao nome e representa não só a experiência adquirida de inúmeras noites de pesquisa, mas a maturidade que ele já vem galgando desde seus últimos lançamentos.

Destaque para a faixa "How I Miss The 90's".


publicado em 26 de Dezembro de 2013, 22:00
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Rafael Nardini

Torcedor de arquibancada, vegetariano e vive de escrever. Cobriu eleições, Olimpíadas e crê que Kendrick Lamar é o Bob Dylan da era 2010-2020.


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