Os efeitos do excesso de pornografia

Homens que consomem muita pornografia podem ficar viciados, impotentes, incapazes de ejacular, desinteressados por suas parceiras. Verdadeiro ou falso?

Já existe toda uma tradição (e não apenas religiosa) que diz "Sim". O site Your Brain on Porn é repleto de vídeos e gráficos elucidativos e lúcidos sobre os efeitos da pornografia no cérebro dos mamíferos – destaque para a série de vídeos e para o paper The Great Porn Experiment. Além disso, a matéria "He's Just Not That Into Anyone" ("Ele só não está a fim de ninguém") apareceu numa revista de grande circulação e serviu de estopim para o texto abaixo.

Em questão, está o assim chamado Efeito Coolidge, teoricamente comprovado em todos os mamíferos nos quais foi testado, que diz o seguinte: o indivíduo tende a ter cada vez menos interesse sexual por seus parceiros frequentes, mas esse interesse se reacende em relação a novos parceiros.

Efeito Coolidge: quanto mais vezes a mesma rata é "apresentada" ao rato, mais tempo ele demora para ejacular.
Efeito Coolidge: quanto mais vezes a mesma rata é "apresentada" ao rato, mais tempo ele demora para ejacular.

Mas nem todo mundo concorda com essa narrativa.

O The Last Psychiatrist ("O Último Psiquiatra"), em minha humilde opinião, é o melhor blogueiro da atualidade. Escrevendo sob pseudônimo, esse psiquiatra norte-americano (ou não) se revelou um dos mais argutos observadores da sociedade contemporânea. Sempre que escreve sobre qualquer assunto, o resultado são visões radicalmente novas, perspectivas únicas, textos brilhantes.

Sobre os excessos da pornografia não seria diferente.

Abaixo, uma versão do post The Effects Of Too Much Porn: "He's Just Not That Into Anyone", traduzida por Daniel Fernandes (@daftm1), revisada e editada por mim, Alex Castro. Leia com calma. A conclusão talvez lhe seja assustadora.

Os efeitos do excesso de pornografia: "ele só não está a fim de ninguém", por The Last Psychiatrist

Imagine que você é o editor da New York Magazine. Você quer uma história que vai causar rebuliço mas ninguém quer saber sobre como é difícil ser pai numa cidade grande – então que seja sobre pornografia. Que tal um artigo sobre como a pornografia está tornando o sexo menos interessante para os homens? Algumas pérolas de sabedoria por três dólares o exemplar. Legal.

Tem que ter fotos. Não podem ser pornográficas porque os anunciantes não aprovariam. Então, que tal algumas "fotos de homens vendo pornografia online"? Pra ilustrar, cinco caras aleatórios sentados em frente ao Pornotron:

Será que todos fazemos essa cara de bunda quando estamos vendo putaria na internet?
Será que todos fazemos essa cara de bunda quando estamos vendo putaria na internet?

Uma observação. O cara no alto parece com o Dexter – pois são todos obviamente serial killers. Qual a mensagem aqui? Será que a pornografia também leva ao uso de drogas?

II.

Você já viu isso antes: muita pornografia leva a muita masturbação e não sobra porra nenhuma pras mulheres, resultando em tristeza e ranger de dentes.

O artigo, escrito por Davy Rothbart, mistura anedotas pessoais, entrevistas e depoimentos de celebridades – nesse caso, John Mayer. Muita pornografia o tornou incapaz de fazer sexo: ele consegue armar a barraca, mas não gozar.

Se eu tivesse somente desistido, as coisas teriam acabado como sempre acabavam, as mulheres se sentindo confusas e inadequadas e eu pedindo desculpas, cheio de vergonha. Mas, naquela noite, fui engenhoso: incapaz de gozar, eu embarquei por um novo caminho. Eu fingi.

Acreditem ou não, ele fingiu orgasmo em um "one night stand" porque a pornografia estragou sexo pra ele.

E aqui ele cita um cara chamado Perry:

"Eu costumava correr pra casa para transar com minha esposa" conta Perry, um advogado de 41 anos. "Agora, saio do trabalho meia hora antes pra chegar em casa antes dela e me masturbar vendo vídeos pornôs." Durante a conversa, Perry insiste que ainda sente tesão por sua esposa, com quem é casado há doze anos. Mesmo assim, ela não seria páreo para as atrizes pornôs da internet. "Sem querer ser egoísta, mas elas são mais jovens, mais quentes e mais selvagens na cama do que minha esposa", diz ele.

Não dá para negar essas narrativas pessoais: pornografia demais é nociva, contam Perry e Davy, com base em suas próprias histórias. E nós também estamos avisados.

Mas, afinal, o que o autor do artigo quer que seja verdade?

III.

Não vou discutir a hipótese de que ficar tediosamente repuxando o pênis por duas horas enquanto se navega por sites de vídeos pornôs vai causar alguma dessensibilização. Temos que encarar a pornografia como um roubo a banco: você tem quinze minutos para entrar e sair antes que alguém acione o alarme. E não pode deixar nada pra trás.

Mas esse não é o problema.

Imagino que os meus leitores mais antigos já sacaram onde estou querendo chegar. A razão de ele ser semi-impotente não tem nada a ver com como ele vê pornografia, tem a ver com como ele vê a si mesmo. Reparem que esse cara escreveu um artigo, assinando seu próprio nome, sobre como não consegue ter uma ereção com mulheres porque ele vê muita pornografia. Pare e pense. Ele acha que esse é um problema tão universal que, longe de sentir vergonha, ele deveria ser aplaudido por trazer a luz o terrível segredo dos homens americanos.

Então, o que ele deseja que seja verdade? Que ele é impotente? Não. Ele quer que seja verdade que a razão de seus problemas sexuais é a pornografia.

Por tudo isso, posso fazer a seguinte previsão com 100% de certeza: se ele nunca mais assistir pornografia de novo, se ele nunca mais se masturbar – ele ainda assim terá disfunção sexual crônica. A pornografia é apenas um bode expiatório.

Só o Efeito Coolidge explica.
Só o Efeito Coolidge explica.

IV.

Não estou julgando Rothbart e sim todos vocês que querem que seja verdade que algo está destruindo suas vidas, mas que esse algo não pode ser vocês mesmos.

Aí vai o primeiro parágrafo do artigo:

Eu a conheci num show da Broadway mas a melhor atuação da noite, eu diria, veio de mim, no apartamento dela em East Village. Depois de uns 25 minutos de sexo, com Neil Young chorando "Comes a Time" no laptop ao lado da cama, a camisinha acabou secando e me apertando demais. Eu já tinha parado duas vezes para trocar e sabia que uma nova não faria diferença nenhuma. Se eu tivesse somente desistido, as coisas teriam acabado como sempre acabavam, as mulheres se sentindo confusas e inadequadas e eu pedindo desculpas, cheio de vergonha. Mas, naquela noite, fui engenhoso: incapaz de gozar, eu embarquei por um novo caminho. Eu fingi.

Não preciso de nada além desse parágrafo para saber que o problema dele não é a pornografia. Vocês, leitores, sabem qualquer coisa, qualquer coisa sobre a mulher com quem ele está? Não estou nem falando das opiniões e pensamentos dela, mas de sua cor de cabelo. Porra, nem que fosse apenas para caracterizá-la como objeto sexual, para dizer que ela tem peitões, para degradá-la, qualquer coisa, mas que ela estivesse pelo menos inserida na história.

Mas sei muito sobre ele, nada importante, mas tudo servindo para vender uma imagem: show na Broadway, East Village, Neil Young, duas camisinhas em 25 minutos. Você poderia dizer que talvez a história tenha sido inventada somente para ilustrar seu argumento, mas é justamente esse o problema: é isso que ele imagina ser importante numa história sobre sexo.

O artigo continua oferecendo exemplos para apoiar a premissa de que muita pornografia leva a inabilidade de se conectar com mulheres reais:

E tem Stefan, um compositor de 43 anos, que não tem problema em ficar excitado quando transa com a esposa. "Só que, pra gozar, tenho que imaginar cenas de pornôs que já vi. Algo se perdeu pra mim. Não estou mais lá com minha esposa; estou dentro da minha cabeça."

Mas ele não está fantasiando com uma atriz pornô enquanto faz sexo: na verdade, ele está se masturbando. Ao invés da mão, ele está usando uma vagina que algum outro cara adoraria estar fodendo – e é justamente isso que ele está fantasiando, aliás.

V.

Ron diz que, nos últimos anos, tem tido "encontros" semanais com suas atrizes pornôs preferidas. Ele passa o dia ansioso, até mesmo toma banho e depila como se estivesse indo a um encontro de verdade. "As segundas são para Gia Jordan," ele diz. "Terças para Sasha Grey." Na quarta, tem uma pausa – aula de português. "A noite mais esperada é quinta – Kasey Kox", continua. "Aí, nos finais de semana, saio com minha namorada."

Bem, já ficou estabelecido que Ron é louco, não? Qualquer mulher que se sinta atraída por ele e queira disputar a vaga de quarta-feira, deve dar uma olhada nas fotos das concorrentes:

E aí, será que você, mulher normal que trabalha em um escritório o dia todo, está a altura das divas da pornografia?
E aí, será que você, mulher normal que trabalha em um escritório o dia todo, está a altura das divas da pornografia?

E aí, você está a altura?

A questão é justamente essa: Ron tem uma imagem da mulher ideal que somente a pornografia pode satisfazer. Mulheres de verdade não estão à altura. Podemos até debater o impacto da pornografia sobre as mulheres e denunciar os estereótipos de gênero que criam expectativas impossíveis de sexualidade e disponibilidade. Ou algo assim.

Mas tanto as feministas quanto Ron estão vendo a situação pelo ângulo errado. Não é a pornografia que está desconectando Ron das mulheres. Ele está desconectado: as únicas pessoas dispostas a ficar com ele estão na internet. Ele não está se rendendo à pornografia porque as mulheres reais não estão à altura. Ele está se rendendo porque ele não está à altura. Porque ele não se parece com um ator pornô. Não é que ele espera ou quer que mulheres sejam estrelas pornôs na cama: o que ele queria era ser capaz de usar seus dotes monumentais para transformá-las em estrelas pornôs. É o fato de não ser assim que o leva para a pornografia.

O narcisismo tem a ver com a necessidade de criar uma identidade para si e de impô-la aos outros. A pornografia online não ajuda especificamente nisso, mas ela impede que outras pessoas descubram que você não é tão bom quanto pensa que é. Todo mundo acha que bom de cama, mas quando você chega aos 30, 40 ou 50, já não é mais nem tão bom como já foi um dia. Então, você desiste de sexo, sexo de verdade, sexo que até ontem você mataria uma foca para conseguir, tudo para que nem ela nem você tenham que encarar sua mediocridade. "Não, não é isso. É que estou cansado." Mas consegue ficar até às duas da madrugada com a "Rainha do Anal".

E tem a questão da auto-imagem. Ao se masturbar vendo pornografia, como acontece em qualquer fetiche, você se concentra em uma parte ao invés do todo. É fácil olhar pra baixo, paro o seu pênis manipulado e inflado ao máximo, e imaginá-lo enorme, como se você fosse mesmo um garanhão, e faltasse apenas o roteiro, a luz e a produção certas para que o mundo todo percebesse. Porém, na hora em que o diretor grita "ação", você vê seu pau mole pelos olhos dela e não consegue imaginar porque qualquer mulher teria tesão nisso. Você não se sente sexy e, por isso, se desinteressa do sexo. Não preciso nem dizer que é assim que as mulheres costumavam pensar sobre si mesmas, não? Ou seja, você está se comportando como uma menina!

Basta continuar a ler para confirmar:

"Sempre achei um tesão quando as mulheres falam sacanagens nos filmes pornôs ", ele diz. "Via de regra, elas estão só narrando o que está acontecendo, "Isso, me fode! Mete esse pau no meu cu! Agora vou chupar seu pau!", etc, e já me excita demais. Mas, outro dia, uma mulher com quem eu estava começou a falar coisas assim, e foi um susto. Ela me pareceu meio doida."

E também:

As mulheres, quando percebem uma queda na libido de seus parceiros, tentam encenar o que os homens veem nas telas dos computadores. Os homens, em resposta, ficam apavorados. Eles não querem suas mulheres reais e as da fantasia habitando o mesmo corpo.

Não é que se apavoram. Lembram-se do "olhar" de Sartre? Isso é um anti-olhar. É o olhar dela enquanto grita os palavrões que ela aprendeu que os homens gostam. E você percebe, num relance desse olhar, que ela está fingindo. É só encenação, ainda menos real que a pornografia da internet.

Link YouTube | Primeiro vídeo da série Your Brain on Porn: Porn Addiction. Em inglês.

VI.

Pra ser claro: não é de masturbação que estamos falando, nem mesmo de pornografia em geral, mas especificamente dos vídeos pornôs online – esses que Davy e Ron e grande parte dos homens assistem. Por que são tão ruins e como acabar com eles?

Essa abordagem das questões sociais nunca dá certo: "o que pode ser feito quanto a isso?" Nada. Não se pode fazer nada em relação à pornografia. Ela é um fato da vida. É como se perguntar inutilmente o que podemos fazer contra as girafas ou contra o miguxês. A pornografia existe e é onipresente. Até que o governo encontre uma maneira de te matar pela internet, não vai haver nada que te impeça de ficar cego de tanta punheta nos sites pornôs. Podemos ficar Tomás de Aquinando esse dilema por uma década, e talvez seja mesmo uma questão moral, não faço idéia, mas sei que nada disso vai mudar a realidade. Você só pode mudar a si mesmo. E, se não consegue nem isso, não tem nenhuma chance de mudar o mundo. Chega de racionalizar.

Estamos olhando para o "problema" da pornografia de maneira errada. Só porque existem vaginas envolvidas, já achamos que tem a ver com sexo, libido ou mesmo poder. Mas é só despindo a pornografia de seus adereços que conseguiremos chegar a sua verdadeira funcionalidade. Em resumo: não é ilegal. Para a grande maioria, não é nem mesmo é motivo de vergonha. Não faz tão mal assim. Suga muito tempo e você sempre se arrepende depois. Davy e Ron podem até acender velas e diminuir as luzes e criar um clima romântico para seu encontro, mas três segundos depois de ejacular e já estão contemplando o suicídio. Foram duas horas nas quais você poderia ter aprendido um truque com cartas ou mesmo hackeado o facebook da sua ex, mas não: "E aí?! Que fez ontem à noite?" "Saí" "Eu também. Tô exausto. Essa vida social acaba comigo!"

Além disso, ninguém goza inesperadamente vendo pornografia online. Você decide. Os primeiros dez minutos são sensacionais: depois disso, você já não está mais segurando o orgasmo. Pelo contrário, está tentando manter o pau duro até encontrar o que acha que está procurando, e vai ser algo tão incrível que você não vai conseguir se segurar e vai gozar de repente assim que encontrar – o que quer que seja. Mas nunca é assim tão espontâneo. Você tem que decidir que seu tempo acabou. É por isso que a pornografia na internet é tão problemática: não existe um fim natural.

Em grande parte, é um problema de libido. Você não bate uma porque está com tesão, mas por estar entediado. A pornografia é tão disponível que nunca ficamos realmente com muito tesão – assim como também nunca mais ficamos realmente com muita fome.

Na prática, você está treinando seu pênis para resistir à estimulação física e para estar sob controle da sua mente. Em teoria, pode até parecer legal, mas o resultado é a vida sexual de Davy. Você está se treinando para transar na imaginação, dentro de sua própria cabeça. Então, não é que as mulheres reais não sejam como na pornografia. Depois de vinte minutos, nem a pornografia é mais tão excitante como na pornografia. O que você precisa pra gozar é de um tempinho pra criar uma fantasia mastubatória na sua própria cabeça – mas fica difícil se concentrar nisso com uma mulher de verdade se contorcendo embaixo de você e gemendo "Vem, me fode, me fode".

Em outras palavras, a pornografia online não é uma droga, não é um vício, não é um sinal de distúrbio mental, não é sintoma de uma doença: é junk food, porcarias, besteiras. É um pacote de batata frita que você come quando nem está com fome. E, de fato, é impossível comer um só: mesmo depois de passado o impacto do primeiro "hmmmmm", você acaba comendo o pacote inteiro mesmo assim, afinal já saiu mesmo de sua dieta, amanhã é outro dia.

Depois de um certo tempo, a batata frita passa a fazer parte da sua rotina. De vez em quando, você até pensa "Será que eu deveria mesmo estar comendo isso?" mas não existe nenhuma consequência nociva imediata e, antes que você perceba, a batatinha já é parte inerente de quem você é.

Ninguém diria que "outros alimentos não estão à altura". Ninguém diria que batata frita é melhor que uma refeição. Não porque não seja, mas porque nenhuma pessoa sã faria esse tipo de comparação. Se alguém fez e decidiu conscientemente trocar refeições completas por batatas fritas – então, essa pessoa tem um problema bem maior do que simplesmente sua alimentação.

Junk food não tem os elementos essenciais da comida de verdade. Sobram apenas os paladares mais simples, óbvios, comuns: açucar, sal e gordura. É a pornografização da comida. Não é nem tanto uma comida gostosa, como fácil, reconfortante, confiável. Pois a pornografia online é a pornografização da pornografia.

Link YouTube | Segundo vídeo da série Your Brain on Porn: Porn Addiction. Em inglês.

VII.

Ao chamar a pornografia de vício, estamos dizendo que é difícil se libertar, que é uma luta constante e que uma recaída é inevitável -- e nada disso tem nada tem a ver com a pornografia em si. Mas se você caracteriza a pornografia online como junk food, a solução é óbvia: não coma.

Falar é fácil, eu sei. Mas temos que entender que é impossível parar de fazer algo que gostamos. O que você pode fazer é passar a ser o tipo de pessoa que não gosta mais daquilo. Baconzitos tem o mesmo gosto que sempre teve, mas não conheço nenhum adulto que ainda coma isso. A solução é fazer o mesmo para os refrigerantes.

Na faculdade de medicina, tinha um pessoal da ortopedia que ficava na sala de musculação discutindo com empolgação quantas latinhas de atum eles comiam. "Tem 15g de proteína e zero de gordura!" Essa gente iria preferir comer olhos de salamandra a um pacote de Baconzitos. Esse é o tipo de pessoa que eles eram.

Pode não ser uma solução tranquilizadora, mas posso garantir que é a única solução: você tem que decidir que não é mais o tipo de pessoa que perde tempo com isso. Condenar, proibir, esconder – nada disso vai funcionar. O gatilho não é o desejo, é o tédio. Então, quanto antes encontrar alguma outra atividade, melhor. Quando sua esposa te pega com a mão na massa e diz que você é patético, ela só errou por algumas letras. Apático seria mais preciso e tem mais a ver com o caminho a se seguir para melhorar.

Será essa a história da SUA vida?
Será essa a história da SUA vida?

VIII.

Davy acredita que a pornografia acabou com seus relacionamentos com as mulheres. Não espero que ele entenda que é atraído pela pornografia por causa de quem ele é.

Dando uma de cientista, decidi testar uma teoria. Ouvi falar do Dia Nacional Desplugado, promovido por um grupo judeu de Nova Iorque chamado Reboot, que incentiva as pessoas a tirarem um dia de folga de seus aparelhos eletrônicos. Eu decidi me desplugar à minha própria maneira: não visitando uma série de sites eróticos que eu frequentava antes de dormir.

Claramente, para ele, a pornografia não é um vício, é uma rotina. E rotinas, gostemos ou não, tornam-se parte de nossa identidade, com uma triste consequência: sempre defendemos nossa identidade, por mais idiota que ela seja. Depois, ele diz o seguinte:

Não quero condenar a pornografia ou dizer que não há espaço pra ela na vida dos homens, sejam eles solteiros ou acompanhados. E, claro, muitos casais ainda se excitam com pornografia e ela pode até melhorar sua vida sexual – ainda mais se você constantemente acaba criando situações confusas e constrangedoras na cama.

Simplesmente parar seria difícil demais pra ele. A pornografia é parte de quem ele é, mas – e essa é a parte mais importante – se ele decidir ser uma pessoa diferente, então ele pode parar com essa rotina e, se ele parar com a rotina, ele vai de fato se tornar uma pessoa diferente. Mas, como todo mundo, ele não quer mudar: ele apenas quer que as coisas mudem.

Fiquei sem pornografia por um dia. Então, tentei dois. Três. No quarto dia, tive a sorte de transar com uma mulher. Não houve nenhum fingimento – mas só posso falar de mim.

Os próximos quarenta anos de vida de Davy serão chatos para ele e para qualquer um que ele arraste consigo pelo caminho. Então, se você é parecido com ele, pelo seu próprio bem e das pessoas a sua volta, pare de comer junk food.

Link YouTube | Louis CK, um dos melhores comediantes da atualidade, explica o que a masturbação significa para os homens.


publicado em 17 de Agosto de 2011, 07:06
9fd5f6a6853847bd22ace545a3e430a4?s=130

O Último Psiquiatra

"O Último Psiquiatra" (ou "The Last Psychiatrist") é um dos melhores blogueiros do mundo, autor de alguns dos mais mordazes diagnósticos de nossa sociedade, sempre sob o viés do narcissismo. Acompanhe seu blog e seu twitter, em inglês.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura