Horários de transmissão de futebol no Brasil

Na temporada 2010-11 a Liga de Futebol Espanhola, voltou com um horário pouco usual para prática do futebol: meio-dia de domingo. Isso foi feito principalmente para que o mercado asiático possa ver o campeonato com os melhores jogadores do futebol.

Atualmente, grandes rendas do futebol europeu provêm de mercados asiáticos, vide a Premier League que já marca jogos nesse horário faz tempo e as grandes equipes começam a explorar os “petrodólares” com patrocínios nas camisas e “Naming Rights” dos estádios.

A nova - e afortunada - torcida do futebol europeu

Por motivos climáticos, seria impensável ver um jogo aqui no Brasil nesse horário. Os disponíveis, portanto, são poucos, mas poderiam ser mais bem divididos. Em países europeus, há jogos com intervalos de 1 hora, por exemplo, as 7, 8, 9 e 10 da noite, sendo os últimos horários os mais caros.

No Brasil, os jogos são às 19hs ou às 21hs para que possam ser transmitidos.

O Brasil e um problema recorrente

Nas grandes cidades onde se concentra o futebol brasileiro, os jogos acabam por volta de meia-noite, lembrando que em fases finais pode haver prorrogação e pênaltis, indo até 1 da manhã. O metrô em São Paulo funciona até no máximo meia-noite e meia e, no Rio, até a meia-noite.

Muitas pessoas que utilizam o sistema público de transporte ficam de mãos atadas pois não tem como voltar pra casa e acabam desistindo de ir ao jogo. Problema maior é no Rio, aonde atualmente o principal estádio, Engenhão, é longe de praticamente tudo e recorrentemente é apelidado de “Vazião”.

As prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro podiam, em dias de jogos, colocar carros extras e horários mais dilatados para que o brasileiro pudesse ver seu time. Na Copa do Mundo, em que todos os problemas esperam serem resolvidos, os jogos acontecerão às 13, 16, 17, 18, 19 e 21h. Vai ser um caos com turistas voltando dos estádios, pessoas indo/voltando do serviço.

É necessário investir em estações maiores, horários mais flexíveis e modernização dos trens, ônibus e vias públicas.

Por que as emissoras que transmitem o futebol no Brasil, como a Globo e a Band, não entram em acordo com os clubes de futebol e, para o bem dos torcedores que financiam os times, não comecem desde já uma melhora nos horários?

É tão melhor pra televisão manter apenas os poucos horários?

No exemplo do campeonato espanhol, no Domingo (10 de fevereiro), o Barcelona, jogou ao meio-dia no campeonato espanhol. Uma coisa que chamou mais a atenção do que o horário foi o público do jogo: 85.610 pessoas foram ao Camp Nou ver um jogo relativamente fraco.

Messi errando feio uma bicicleta, mas ainda assim ganhando de 6 a 1

O público do estádio foi, com certeza, diferente do sócio habitual do clube graças ao programa do Barcelona que se chama “Seient Lliure”, em que o sócio “dono da cadeira do estádio” manifesta a vontade ou não de ir ao jogo. Caso ele não vá, o ingresso é repassado à venda, assim, o sócio recebe uma parte do dinheiro da venda, o clube lucra com a venda do ingresso, lucra com o estádio cheio e vende mais jogos para a televisão, gerando mais dinheiro ao clube.

Agora que vários clubes do Brasil estão construindo estádios, com ou sem dinheiro público. Essa pode ser mais uma forma interessante de renda.

Como o Campeonato Brasileiro agora é em forma de pontos corridos, toda equipe jogará 19 jogos em casa e, com isso, São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Santos, Corinthians, que terão os próprios estádios, podem fazer pacotes em que o sócio-torcedor compra todos os jogos do clube em casa.

O Milan, clube da Itália, aproveitou recentemente a contratação de um jogador midiático, o Mario Balotelli, e ofereceu aos sócios a possibilidade de comprar os assentos vazios no seu estádio. O clube fez uma promoção em que se compram os sete jogos restantes do clube no San Siro pelo valor de cinco ingressos.

Com os próprios estádios, as equipes brasileiras podem explorar várias maneiras de ganhar dinheiro com museus dentro do estádio, lojas em que se vendem produtos oficiais e em todo valor e bares temáticos. O São Paulo é um grande exemplo dessa gestão que sabe muito bem utilizar o estádio, fazer dinheiro, contratar jogadores e ganhar grandes títulos, pois sem dinheiro nada disso acontece.

O Corinthians vem fazendo isso nos últimos anos, e o Santos também. Equipes do Rio dependem muito do Maracaña e não podem lucrar totalmente com ele, perdendo muita renda.

A crise financeira na Europa tem atrapalhado até o futebol, com vários clubes pedindo falência. Mas muitos deles acharam um meio de conseguir mais ingressos com a venda de jogos para outros mercados, criaram lojas oficiais dentro dos estádios que vende todo tipo de bugiganga do time além das camisas oficiais.

A loja oficial do estádio do Barcelona. Uma megastore

As equipes brasileiras não podem conseguir mais dinheiro das cotas de TV, fazer programas de sócio-torcedor, vender produtos licenciados para que se invista nos jovens jogadores, infra-estrutura dos centros de treinamento ou vão esperar a Copa do Mundo resolver todos os problemas?


publicado em 16 de Fevereiro de 2013, 08:00
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Igor Oliveira

Graduando em Matemática pela Universidade Federal de Itajubá-MG. Futuro maratonista, adepto das corridas de rua e do futebol bem jogado. Estagiário no Dinheirama e dono no Radiocorsa e no Dicas iOS.


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