Homem de Ferro 3: o PapodeHomem assistiu

A consagração. Depois de dois filmes próprios e um dividindo espaço com Os Vingadores, o Homem de Ferro chega a um ponto crucial: parar por aqui ou seguir?

Há gente muito mais capacitada do que eu que fizeram boas críticas do filme -- destaco aqui os artigos publicados pelo Omelete e pelo Judão -- e, com isso, resolvi seguir uma linha mais fora da curva (até porque comecei a rascunhar uma crítica clássica e acabei caindo nos mesmos moldes dos dois citados: a humanização da personagem, o novo diretor, etc). Uma coisa é certa: é um baita de um filme divertido!

O Homem de Ferro 3 é um belo paradoxo. Um filme onde aparece muito mais Tony Stark que armadura voando e atirando, mas que, quando é pra meter ação, vira uma tremenda farra rocambolesca cheia de barulho, brilho, movimentos rápidos, enfim, a delícia toda. Tudo bem encaixado, barras forçadas em momentos muito plausíveis, diálogos fluidos, muitas vezes bobos (aquela graça rápida, cê sabe do que eu tô falando), mas sempre interessantes.

Mas o grande lance que me ficou na cabeça desde que saí da sala de cinema foi a dificuldade em praticar o desapego.

"Eu não quero sair dessa armadura. Não me tira daqui não"
"Eu não quero sair dessa armadura. Não me tira daqui não"

Eu adoro o Tony Stark. Você também, muito provavelmente. Robert Downey Jr. deixou a personagem tão cativante, mas tão recheado de carisma que fica fácil passar duas horas na sala escura ou até esquecer que ele tem uma dúzia de armaduras pra fazer coisas malucas. A coisa ultrapassou o filme de herói, ao mesmo tempo que o terceiro filme é o que mais provavelmente se aproxima  -- em épocas em que tentam aproximar os heróis da vida real, tipo Batman e Homem-Aranha -- de um típico filme de super herói. Queremos ver Tony Stark e a leveza com que ele leva a vida de rockstar contra o crime.

E aí que a coisa toda extrapola as quatro linhas que cercam a tela. Antes mesmo do lançamento do filme, muito se foi comentado sobre a continuidade de Robert Downey Jr. como Tony Stark. O cara se reergueu no mundo do cinema graças a personagem da Marvel, ganhou 50 milhões de doletas pra fazer Os Vingadores, já declarou amor eterno à personagem, mas... depois de quatro filmes em seis anos... cansa.

O Homem de Ferro 3 tem cara de despedida, cara de adeus, cara de "porra, foi legal demais, mas tudo tem um começo/meio/fim". O Tony aparece mais que o Homem de  Ferro, a coisa toda gira em torno dele. Robert sempre será Tony. O Tony sempre será o Homem de Ferro.

Como deixar ir? O Led Zeppelin parou no auge, os Beatles também. Mas os Rolling Stones estão aí pra mostrar que dá pra levar. O ACDC idem. E eu acho que o Robert Downey Jr. tá muito mais pra Keith Richards ou Mick Jagger do que pra Paul MacCartney, não acham?

Se o filme tem clima de despedida, o mesmo filme revela a vontade intensa de ficar, de querer mais. Cansado, mais velho e sábio, cheio dos problemas (já estou falando de Tony e Robert como uma coisa só, veja lá), mas com um tesão danado em continuar, em mostrar mais. Deve ser uma delícia ser Tony Stark do jeito que Robert downey faz. É fácil.

Robert quer fazer mais filmes, reza a leda que ele ainda garante estrelar a continuação d'Os Vingadores. Os estúdios precisam prever o futuro. Logo eles não terão mais Robert Downey, eles precisam esgotar ao máximo a figura dele antes que esse caia fora. Downey é o ator mais fanfarrão que Hollywood já viu e poderia muito bem largar todo mundo na mão. Mas tem a grana que fala bem alto.

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Um milhão de fatores. Uma infinidade de dúvidas. Incontáveis motivos pra que o ator e todos os espectadores queiram ainda mais.

Tony Stark venceu. Robert Downey Jr. também.


publicado em 26 de Abril de 2013, 07:00
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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