Eu nunca gostei das coxas do Roberto Carlos

Eu amo futebol desde sempre. Quando era pequena costumava acompanhar meu pai nas idas a um banco na minha cidade natal e dar de cara com um caixa que era (e ainda é) corinthiano. Recitava a escalação do meu Palmeiras de cor e salteada. De trás pra frente. De frente pra trás. Como quer que fosse. E ele, mesmo corinthiano, adorava!

Talvez por eu ser criança. Mas acho o que mais admirava meu interlocutor era o fato de eu ser uma menina.

Já hoje em dia é comum mulher gostar de futebol. É até moda.

Invadimos sua praia

Sou de uma época em que normalmente a maioria de nós dizia torcer “pela Seleção”. E como ouvir essa frase me irritava! Só não me irritava mais do que ouvir sobre as coxas do Roberto Carlos, enquanto nem sabiam em quanto tinha terminado a partida.

Sobre nossos emaranhados de fios

Notório que homens e mulheres veem futebol de formas diferentes. Homens e mulheres, como todos sabem, veem a vida de formas diferentes.

Link YouTube | Velho, machista, mas sempre bom. Daria meu dedinho por uma Nothing Box.

Mas acho que existe uma forma peculiar dos gêneros encararem o futebol. A mulher se irrita. A mulher fica de mal. A mulher ignora. Se está na TPM, então, chega a xingar até o santo que está fazendo 12 gols na partida.

Ao mesmo tempo, ela se apaixona por aquele que se identifica com seu clube. Se você me disser que o Kleber não é um bom jogador, cuidado! Você corre sérios riscos de morte. Você pode dizer que ele é feio, mas vou continuar a amá-lo mesmo assim (e a gostar um pouquinho menos de você!).

Todavia, num mundo (utopicamente) igualitário, ainda assim encaramos muito preconceito ao falar sobre futebol.

Nosso esquema tático

Podemos discorrer por horas sobre futebol que ainda assim a maioria de vocês não vai acreditar que sabemos 10% do que vocês, homens, sabem. Não suficientemente, muitos darão dar aquela torcidinha de nariz.

Mas nosso esquema tático nunca foi querer provar o que e quanto sabemos. Enquanto nos idos dos anos 60 nossas mães, tias e primocas mais velhas estavam na onda de queimar seus sutiãs, hoje em dia queremos apenas vestir a camisa do nosso time sem sermos mal olhadas.

A história não acabou aí

Será que isso vai existir um dia? Um mundo onde a mulher que ama de futebol não será, necessariamente, apenas “brother” da turma? Ou ainda, será respeitada com sua feminilidade mesmo vestindo uma camisa 10?

Porque futebol não é mais um papo só de homem.

Em tempo: não é porque adoramos futebol que deixamos de achar vários jogadores gatinhos...


publicado em 24 de Abril de 2011, 10:31
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Gê Fortunato

Palmeirense, caipira, advogada e teimosa (falar advogada e teimosa é redundância?). Editora do OsGeraldinos.com.br, facebuqueira e twitteira de plantão: @ge_raldina.


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