13 filmes para assistir em julho

Dá pra fugir do frenesi de cinema em mês de férias?

Mês de férias é aquela coisa: crianças sorridentes ocupando o nosso refúgio escurinho, comprando todos os ingressos do cinema, e pais um tico descabelados segurando a mão do filho e de mais três colegas da escola na entrada da bilheteria.

Há quem curta um cinema cheio, e lhe cause deleite observar as reações mais diferentes a uma mesma cena, ou rir junto de todo mundo quando vêm as piadas. Outros preferem a solitude da fileira vazia e o barulho único do saco de pipoca sendo manuseado.

Ainda bem que a vida adulta nos reserva horários e facilidades que a infância dependente não tem, e para os que preferem a última opção, resta se esgueirar à sessão das onze naquele cinema menos frequentado da região.

O importante é não perder o costume, o deleite, e as estreias que julho nos traz.

1. A Era do Gelo: o Big Bang (7/7)

A estreia de Procurando Dory, na última quinta-feira, já deu conta de mexer com os ânimos dos filhos dos anos 90. Tá rolando um bafafá de quererem tomar todas as cadeiras do cinema, deixando as crianças de fora, e tudo por amor ao filme.

A Era do Gelo chega pega carona na empolgação e, uma semana depois, vai reviver personagens que conquistaram nos anos 2000. É o quinto filme da série, e talvez não conquiste tantos amores de um público um pouco enjoado.

Mas sempre há quem goste e queira ver de novo, a indicação fica pra estes: desta vez, a vida dos personagens está ameaçada por um desastre cósmico que promete ser catastrófico, e eles precisam fugir por sua vida.

2. Florence: quem é essa mulher? (7/7)

Confessemos: nossa percepção das próprias capacidades pode ser um pouco distorcida. Pelo menos é assim com Florence, uma herdeira riquíssima que sonha em ser cantora de ópera. Ela tem dinheiro, determinação e um marido protetor, mas lhe falta a mais essencial das virtudes: uma voz bonita, afinada e digna de cantoria.

A história promete pouco, é verdade, mas Maryl Streep e Hugh Grant juntos dão conta de bancar a aposta no longa, não?

3. La Vanité (14/07)

Doente e cansado de viver, David Miller decide dar fim à sua própria vida por meio da eutanásia. Com cuidado, planeja tudo perfeitamente: o método, o lugar e o dia. Mas na hora do vamos ver, nada acontece como planejado, e ele já não sabe se ao final desta noite seu destino ainda é a morte.

Além da curiosidade que o enredo segura, com a grande interrogação ao final da sinopse, pode ser interessante usar o filme como ponto de partida pra pensar o tema: o que é eutanásia? As pessoas deveriam ter esse direito? O que você pensa a respeito?

4. Nahid – Amor e Liberdade (14/7)

Juro pra você que não sou dessas que colocaria nesta lista um filme iraniano só porque ele é iraniano e isso é cult. Não boto minha mão no fogo pela qualidade do cinema nacional, já que nunca o prestigiei, mas essa história despertou a pele.

No Teerã moderno, Nahid divorcia-se do marido e, num país cujas leis religiosas dão a guarda do filho automaticamente para o pai, ela consegue negociar com o ex-marido e ficar com o menino de dez anos de idade. Mas o combinado tem um preço: dinheiro e a condição de que ela nunca mais se case.

Só que aí, meu amigo, Nahid se apaixona, e a coisa complica.

O enredo puxa a nossa cabeça pra questões diversas: a partir dele podemos pensar na misoginia e injustiça que nosso olhar percebe na religião islâmica, na responsabilidade social de uma mãe para com um filho, disparidades de responsabilidades da maternagem. Uma pergunta pungente se coloca: uma mulher que é mãe deve ser mãe acima de tudo?

5. O sono da morte (14/07)

Minhas listas carecem de terror, há de se assumir. Se isso acontece, é porque está difícil achar produções de boa qualidade, isso é, fotografia, direção e roteiro. Muitas histórias até tem potencial, mas conseguem ser contadas de forma tão tosca que não valem o ingresso.

Dessa vez, a fotografia e roteirização do trailer parecem trazer uma boa produção. A história é comum: um casal que perdeu o filho há pouco tempo adota um menino, mas ele tem sonhos muito estranhos, que chegam ao mundo físico.

Vale a pena apostar?

6. Chocolate (21/07)

Século XIX. França. Você aí que escreve, dança, canta, me diga como seria a sua vida. A coisa não era fácil pra quem queria seguir carreiras artísticas, e o preconceito contra essas profissões vigorava. Chocolate as superou sendo ainda alvo de outro preconceito: o racial.

Rafael Padilha nasceu em Cuba em 1868 e foi vendido ainda quando criança. Anos depois consegue fugir e é encontrado por um palhaço que o coloca nos rumos da profissão. Aí passa a ser Chocolat, o primeiro artista circense negro da França.

7. De longe te observo (21/07)

Armando, um homem de cinquenta anos que nutre desejos pelo corpo masculino, anda pelas ruas de caracas oferecendo dinheiro a rapazes que o acompanhem até a sua casa, onde ele se masturba vendo seus corpos sem roupa.

Certo dia ele conhece Elder, líder de uma gangue de Caracas, a quem faz a mesma proposta. O rapaz aceita, mas só para agredí-lo e roubá-lo à chegada da sua casa. Mas as coisas ficam bem conturbadas quando Armando volta a procurá-lo um tempo depois. 

8. A lenda de Tarzan (21/07)

Estou quase certa de que você ainda se lembra da história de Tarzan, criado na selva como um animal, que tem o status de humano conferido principalmente quando se apaixona por Jane. Foram algumas tardes assistindo ou imaginando aos pés ageis do menino do desenho andando por florestas bem verdinhas.

Pois é, mas desapegue disso tudo. Com essa nova onda de fazer releituras de filmes infantis de modo bizarro ou aterrorizante, Tarzan não ficou pra trás. Nessa versão, um Tarzan adulto e adaptado à vida de Londres é recrutado pelo Parlamento Britânico para ser um emissário e voltar à selva onde cresceu.

Anh? Pois é. 

Mas eu fiquei curiosa.

9. Entre idas e vindas (21/07)

Faz um brigadeiro, põe no prato de vídeo e começa a comer quente mesmo, porque é esse o climinha ideal pra assistir o longa brasileiro. Com a Ingrid Guimarães, já prevemos a comédia romântica – que estranhamente inclui Alice Braga (ué?).

Quatro operadoras de telemarketing pegam a estrada com seus biquínis. O que não esperavam era encontrar por Afonso, um professor universitário separado que viajava com o filho, precisando de ajuda à beira da rodovia. As quatro decidem levá-los de volta pra São Paulo, mas, claro, óbvio, previsível, que Afonso acaba se apaixonando por uma delas.

Claro, óbvio, previsível, mas legalzinho de assistir debaixo das cobertas, comendo brigadeiro, vai.

10. O monstro de mil cabeças (21/07)

A vulnerabilidade das nossas vidas é tema dos mais sensíveis pra maioria de nós, acredito eu. E quando ela está em jogo, sempre submissa a interesses maiores e mais lucrativos, a raiva ferve.

Este é mais ou menos o retrato desse longa mexicano, que de Paola Bracho não tem nada.

Quando o convênio médico de Sonia nega a seu marido o tratamento que ele precisa pra sobreviver e ela vê sua vida afundar em corrupção e burocracia, ela decide tomar medidas drásticas.

11. Mãe só há uma (21/07)

É só no início da vida adulta que Pierre descobre que sua família não é biológica, às beiras da prisão da mãe. Ele decide, então, ir atrás de sua família de sangue e precisa conciliar a nova realidade com um passado que o marcou.

Brasileiro, o drama promete personagens intensos e algumas surpresas no roteiro.

12. Agnus Dei (28/07)

Às beiras do fim da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira da Cruz Vermelha francesa Mathilde descobre que as freiras de um convento vizinho foram estupradas por soldados de guerra e muitas estão grávidas. Ela só deve prestar serviço aos franceses, mas não consegue deixar de ajudar essas freiras e madres que se sentem culpadas pelo acontecido e não deixam nem que ela as toque.

Pesado e poderoso, o drama foi escolhido pela seleção Sundance 2016.


publicado em 02 de Julho de 2016, 00:10
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Marcela Campos

Tão encantada com as possibilidades da vida que tem um pézinho aqui e outro acolá – é professora de crianças e adolescentes, mas formada em Jornalismo pela USP. Nunca tem preguiça de bater um papo bom.


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