As camisinhas que nasceram da crise

Sabemos muito bem que vivemos em tempos de crise, sejam elas grandes ou pequenas. A crise dos bancos, a crise da zona do Euro, a crise do petróleo, a crise imobiliária americana, a crise da zaga do Flamengo, a crise de quarta-feira à noite quando você lembra que a Fox Sports ainda não tá na grade da NET e vai ter que procurar a casa de alguém que tenha TVA. Como eu disse, crises.

Mas as crises, ao mesmo tempo em que são sinônimos de preocupação, receio e mudanças inesperadas, também quase sempre representam oportunidades. Crises de combustível nos fazem pensar em alternativas ao petróleo, crises econômicas nos levam a repensar o sistema financeiro global, crises na TV fechada nos levam a pensar se realmente devemos gastar esse tempo todo com futebol, cerveja e amendoim ou deveríamos nos dedicar mais aos nossos familiares e entes queridos – ainda que a resposta provavelmente vá ser não.

Contra qualquer crise, é só clicar nessa imagem

E no caso de Joe Nelson, ex-funcionário da Goldman Sachs, não foi diferente. Diante da crise bancária, dos problemas do Euro e dos dramas da economia americana, Joe, como qualquer homem normal e de bom senso, viu ali uma grande oportunidade para se dedicar ao ramo da produção de camisinhas de tamanho personalizado.

Tamanhos diferentes para pessoas diferentes

Veja bem: não são camisinhas normais. Nelson resolveu que ao invés de apenas produzir preservativos padrão, com tamanho padrão, ele tentaria aumentar o nível de especificidade do produto oferecendo camisinhas de tamanhos diferentes para cada cliente, atingindo 95 diferentes modelos com diferentes medidas que poderiam ser escolhidos pelos comprador.

E como essa escolha seria feita? Através de um kit que permite que você meça seu pênis, enquadre-o numa tabela pré-existente e faça seu pedido baseado diretamente nesses resultados. E sim, eu sei, é esquisito imaginar que é esse o tipo de ideia que o gerente do seu banco pode estar tendo enquanto fala com você.

Reuters

Será o produto de Joe um sucesso? Complicado dizer. Será a camisinha em diversos modelos o futuro dos métodos contraceptivos? Não tenho base teórica para comentar. Conseguirá algum de nós algum dia fazer um investimento bancário sem imaginar que o gerente está mentalmente analisando dimensões penianas enquanto nos sugere um fundo de renda fixa? Acho pouco provável.

Mas casos como o de Joe mostram que mais do que nos lamentar diante das crises, nos preocupar diante das mudanças, temos que aproveitar as oportunidades que elas geram. Que quando nenhum outro investimento parecer seguro, sempre podemos investir na coisa em que mais acreditamos; ou seja, nós mesmos e nossos pênis. E, claro, também nos dizem que você nunca está velho demais pra ficar se medindo em casa.

Eu sei, você nunca pensou que uma história assim pudesse deixar tantas lições. Até eu fiquei surpreso.

theyfit.co.uk


publicado em 23 de Março de 2012, 08:01
Selfie casa antiga

João Baldi Jr.

João Baldi Jr. é jornalista, roteirista iniciante e o cara que separa as brigas da turma do deixa disso. Gosta de pão de queijo, futebol, comédia romântica. Não gosta de falsidade, gente que fica parada na porta do metrô, quando molha a barra da calça na poça d'água. Escreve no (www.justwrapped.me/) e discute diariamente os grandes temas - pagode, flamengo, geopolítica contemporânea e modernidade líquida. No Twitter, é o (@joaoluisjr)


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