Entrevista com Ale Youssef | "Nós somos uma geração não representada."

Seguindo nosso esforço em adentrar o território da política, resolvemos conversar cara-a-cara com um candidato. O escolhido foi Ale Youssef. Fundador do Studio SP e do Overmundo, colunista de política da revista Trip há 5 anos, resolveu se lançar nesse mar de tubarões.

Porque ele?

Recebi a newsletter do Ale por email em 15 de Julho. Confesso que não sei como ela foi parar lá. Talvez tenha assinado algo web afora, afinal, sou um curioso contumaz. Seja como for, resolvi ler. Com um texto franco, identidade visual diferente do usual político e um belo vídeo de apresentação, a coisa toda me prendeu atenção. Alguns leitores do PdH já nos questionavam "E aí, vão abordar política? Queremos discutir esse assunto!".

Na bem da verdade, eu não queria. Não tinha saco pra isso, nunca tive. Sempre me senti um ser alheio ao território político. Votei como quem joga uma pelada em final de semana, sem dar qualquer importância. Bizarro, considerando que por meio de minha profissão cheguei a prestar consultoria para políticos de renome nacional. Logo eu, um sem partido. Um cabaço político.

Mas certas coisas seguem a canastrice literária e "acontecem quando devem acontecer".

Resolvi googlar mais sobre o cara. Gostei do encontrei. A fagulha se acendeu. E para um ariano, teimoso, obstinado, cabeça-dura como eu, quando uma fagulha se acende, saia da porra do caminho. Era hora de abordar política por aqui! Ótimo. Por onde começar? Vamos entrevistar alguém nas trincheiras, óbvio. Alguns emails disparados, descobri que minha namorada conhecia a prima do Youssef. Alguns dias se passaram, fui no programa Login da TV Cultura e conheci a irmã dele. Mesmo assim, posterguei. Mas eis que me encontro com ele em uma galeria de arte(na verdade, minha namorada o identificou), em pleno Domingo, totalmente por acaso.

É. Era pra ser. Indiretamente inspirou nossa vontade em abordar Política e agora está aqui, como entrevistado em destaque. Sem mais delongas, julguem o conteúdo final vocês mesmos.

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1. Existe um vácuo gigantesco entre a nossa geração e a política...

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"As pessoas deixaram de sonhar(...) e de imaginar que poderia existir um modelo diferente."

"Achei que era um momento legal para encarar o desafio de resgatar o voto de opinião. Não tem coisa mais difícil do que despertar o interesse das pessoas para a política hoje."

"A frustação gerada pela overdose de pragmatismo, pelo vazio ético(da política)... gerou uma distância muito grande."

"A gente tem padrões éticos que precisam ser resgatados, antes de qualquer coisa."

2. Tenho amigos, pais recentes, que se perguntam: "Qual é o legado que vou deixar para o meu filho?"

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"Nós somos uma geração não representada. (...) A referência da ditadura, na fala dos dois principais candidatos à presidência, ainda é muito forte."

"O Brasil vive uma dicotomia falsa, oca, entre o PT e o PSDB. (...) Em qualquer lugar do mundo estariam alinhados, fazendo política juntos."

3. A ideia da Transparência Radical,(...) o mandato ao vivo.

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Obras citadas:

O Deputado Federal faz basicamente duas coisas:


  • faz as leis, ele legisla. Cria, acompanha e articula projetos de lei.

  • é um ator político importante para advogar em benefício da comunidade que o elegeu.

"O Dep. Federal é um porta-voz com possibilidade real de atuar para desatar nós."

"A ideia da Transparência Radical, que é se criar, no mandato, plataformas de transparência escancarada de tudo que o parlamentar faz. E mecanismos de aproximação com as pessoas que o elegeram. (...) Criar um grande portal 2.0 do mandato."

"Desde os primórdios da sociedade, você tem a profissão de representação das pessoas, que é a política."

4. A prática política mais escrota!

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"Neguinho acha muito engraçado Tiririca, Mulher Pêra, Maguila, Marcelinho Carioca ou Vampeta aparecem como candidatos! Por trás disso está a prática política mais escrota. Porque algum picareta muito sério colocou essa figura ali, porque sabe que isso vai puxar um monte de votos pro seu partido. E na esteira desses votos, três ou quatro mega picaretas que não teriam a menor chance vão entrar."

"Não podemos cair na simplificação de que a política não apresenta soluções concretas."

Mais sobre o Ale:

@aleyoussef

www.ale.org.br

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Link para download do áudio

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Então, cambada, a carapuça vestiu? Sinceramente espero participação massiva nesse artigo, seja descendo o sarrafo ou elogiando. O silêncio vai me decepcionar, muito.


publicado em 09 de Setembro de 2010, 23:11
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Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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