A mente ilimitada | Mente de Principiante #11

"Todos os pensamentos egocentrados limitam a vastidão da mente" –Sunryu Suzuki

Nota: essa é a décima tira que estou fazendo, adaptando trechos do livro 'Mente zen, mente de principiante' do mestre zen Shunryu Suzuki em formato de história em quadrinhos. Você pode ver todas as anteriores aqui.

A tira de hoje é o ensinamento que abre o livro. Esse trecho me marcou bastante porque na época em que li estava bem presente a preocupação em chegar a "ser um artista", "ser profissional", alcançar algum status, reconhecimento e mantê-lo. É um esforço bem desgastante porque nunca está bom, nem nunca vai estar (a não ser por alguns momentos).

Lembro de uma entrevista antiga do Chico Buarque em que perguntaram como ele lidava com o fato de "ser ídolo" e sair na rua, ser reconhecido e tal. Ele respondeu que não se via assim, que seria aprisionante porque então ele teria que "tomar cafézinho como ídolo, dar bom dia como ídolo".

É bem isso! A identidade que a gente se fixar vai restringir nossa visão e nossa ação. O Suzuki não está sugerindo pra gente desistir de tudo, cruzar os braços, mas se manter flexível, aberto.

Os mestres descrevem a mente como um espaço amplo como o céu, que acolhe todas as experiências, sem alterar sua natureza. Podem surgir conteúdos nesse espaço, mas nenhum deles é permanente: nuvem, chuva, um pássaro, sucesso, fracasso, relacionamentos… Todos eles passam, a única coisa permanente é o próprio espaço.

Pra gente não é muito fácil de perceber isso. No vídeo “Isso é água”, David Foster Wallace conta a história de dois peixes nadando lado a lado, que encontram um outro peixe nadando na direção contrária que diz “Oi rapazes, como está a água?”. Os dois peixes se olham sem entender e dizem um pro outro “Que diabos é ÁGUA?!”.

A presença da mente é pra gente tão evidente quanto a água é para os peixes. Estamos tão imersos nela que nem sequer notamos sua presença. É necessário receber instruções de um mestre, sentar e meditar para isso fazer um sentido prático.

Como diz a mestra Jetsuma Tenzin Palmo, achamos bastante natural fazer exercícios para o corpo, mas nem sequer desconfiamos que poderíamos ter uma prática para nos familiarizar e cultivar a mente.

* * *

Meu amigo Fábio Rodrigues (que também pública aqui no PdH e é coordenador do lugar) está indo pra São Francisco nos EUA estudar caligrafia com o mestre zen Kazuaki Tanahashi.

Tanahashi conheceu o Shunryu Suzuki em 1964 e foi influenciado por ele e pelo livro "Mente Zen, mente de principiante".

Fico muito feliz pelo Fábio, já fico ansioso pra saber dos ensinamentos que ele vai receber e estou pedindo pra ele organizar uma oficina de caligrafia assim que voltar! 

Saiba mais e apoie este percurso do Fábio.

Print das tiras Mente de Principiante à venda

Agora você pode comprar prints de todas as tiras aqui do Mente de Principiante em tamanho grande! Elas são impressas em papel couché fosco 250g/m2, tamanho 42 x 29,7 cm.

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publicado em 09 de Março de 2016, 16:05
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Daniel Gisé

Nasceu e vive em São Paulo. Formado em artes plásticas pela UNESP. É quadrinhista, ilustrador e web designer, também dá oficinas de desenho e HQ, e é praticante de meditação iniciante. Mais no Facebook e no site www.danielgise.com.


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