[+18] Greyhound: Dr. Drinks ensina o que é loucura de verdade

Hoje falaremos sobre o drink favorito de Hunter Thompson, jornalista e escritor americano que revolucionou a literatura na década de 70 quando criou o jornalismo gonzo.

Cara adito em tudo que você puder imaginar. Uma vida dedicada aos excessos e todos eles devidamente registrados em livros e centenas de artigos. Aprenda a fazer o drink mais apreciado por este grande autor e conheça um pouco mais de sua história.

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Sobre Hunter Thompson

Quatro Blood Maries, duas toranjas, um bule de café, crepes de Rangun, 250 gramas de salsicha, bacon ou carne enlatada picados com pimenta cortada em cubos, um omelete espanhol ou ovos Benedict, um litro de leite, limão para tempero, uma fatia de torta de limão, duas Margaritas e seis carreiras de cocaína.

Esse era o café da manhã de Hunter Thompson, o que ele definia como sua âncora psíquica.

Filho de pais alcoólatras, Hunter foi preso aos 19 anos de idade por arruaça e porte ilegal de armas. Alguns anos depois, no final da década de 60, ele viria a se candidatar a xerife da cidade de Aspen, tendo como plataforma de governo descriminalização do uso de drogas na cidade e a transformação de todas suas ruas em ciclovias.

Famoso por seu estilo ácido que criticava ferrenhamente o american way of life, Thompson foi o criador do jornalismo chamado de “gonzo”, que fazia com que autor e história estivessem no mesmo plano, ou seja, o narrador deixa de existir simplesmente como observador para fazer parte da história. Até aí nada muito revolucionário se não fosse o conteúdo das histórias. Se você acha que já viu de tudo sobre o trinômio sexo, drogas e rock n’ roll e ainda não conhece Hunter Thompson, na verdade, você só conhece um pedaço da história.

Em 1971, quando era jornalista contratado da Rolling Stone, escreveu seu livro de maior sucesso, Medo e delírio em Las Vegas, que 27 anos depois viria a se tornar um clássico cult no cinema pelas lentes de Terry Gilliam.

A história conta as trips e bad trips de Raoul Duke, alter ego de Thompson, jornalista designado a cobrir uma corrida de motocross e uma convenção de promotores públicos sobre drogas, ambas em Las Vegas. Porém, o que realmente ocorre é uma viagem regada a muitas drogas, bebida e uma busca pela real motivação do sonho americano, que na visão do autor é poder desfrutar de todos os prazeres da vida descomedidamente.

Numa determinada ocasião Thompson encontrou-se com Muhammad Ali, que o deu uma preciosa dica de saúde: comer muitas toranjas. Obviamente aceitou o conselho sem objeções, exceto ao fato de misturar vodka com suas toranjas. Dificilmente ele não carregava pelo menos meia dúzia de toranjas em seu carro ou mala, por isso o drink de hoje é tão ligado a Hunter Thompson.

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Receita do Dr. Drinks para um bom Greyhound

Essa receita fica muito melhor com suco de toranjas espremido na hora. Quanto mais natural, mais saboroso será. Hoje em dia essa fruta está bem acessível no Brasil. Qualquer feira livre tem, mas pra quem não achou e está se lamentando nesse momento, dá para comprar o suco pronto pela Internet e assim não ficar privado de conhecer um verdadeiro Greyhound.

Para fazer um bom Greyhound, você precisa de:


  • Vodka

  • Suco de toranjas (grapefruit) recém espremido

  • Gelo

  • Copo Highball ou Double Old-fashioned ( que usei no vídeo)

  • Coqueteleira ou colher bailarina, dependendo de como você prefere a textura do drink

Tudo que você precisa fazer é servir no copo com bastante gelo duas onças de vodka (1 oz = 30 mL, logo 2 oz =60mL) e 5 oz (150mL) de suco de toranja. Mexa gentilmente, ponha um canudinho e está pronto. Se preferir uma textura mais aerada, pode optar em fazer como fiz no vídeo: batendo na coqueteleira. Isso faz com que o drink incorpore as bolhas de ar que são criadas no movimento da coqueteleira e fique mais leve no contato com a língua.

Durante muitos anos este drink fez parte da vida de Thompson, tornando-se uma de suas principais marcas registradas, além do comportamento imprevisível e por vezes truculento. Tão truculento que, em 2005, o escritor decidiu que era hora de partir e deu cabo da própria vida suicidando-se com um tiro de espingarda na cabeça.

Seu corpo foi cremado e as cinzas foram lançadas ao céu por um pequeno foguete, em uma cerimônia bancada pelo ator Johnny Depp, seu amigo que interpretou o personagem Raoul Duke na versão para o cinema de Medo e Delírio em Las Vegas.

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publicado em 13 de Julho de 2010, 03:31
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Junior WM

Um grande apreciador de história e histórias. Vive a vida de forma que seja lembrada como honrada e humana. Ama os prazeres da vida e sua família. Escreve sobre passar pelo mundo com dignidade e alegria. Contribui com a revolução digital por acreditar em seu caráter humanitário e num mundo melhor.


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